"Criei o projecto na expectativa de ajudar os estudantes da residência estudantil. Há muitos alunos que estão a passar por dificuldades, mas que por vergonha não chegam nas pessoas para pedir apoio, nem sequer nos vizinhos de quartos", explica o jovem de 22 anos.
Segundo Elves, a convivência diária na residência revelou-lhe a realidade de muitos colegas.
"Já testemunhei casos de estudantes que não têm nada. Ninguém pode invadir o quarto do outro, então, se a pessoa não reclamar, pode ficar com fome sem que os outros se deem conta", relata.
O projecto, que começou há cerca de quatro dias, já conseguiu reunir 26 mil escudos em doações, convertidos em sacos com produtos alimentares.
"Ontem entreguei um, e hoje entreguei mais quatro. Tenho entre 27 e 30 sacos preparados, divididos entre meninos e meninas. Para as meninas, além de alimentos como feijão, enlatados, farinha, óleo, massa e arroz, os sacos incluem absorventes", explica.
O jovem afirma que pretende expandir o alcance da iniciativa e que também pretende institucionalizar o projecto, reactivando a associação dos residentes.
"Quero reactivar a associação dos residentes e tornar-me presidente. Já temos uma reunião marcada, inclusive. Assim, mesmo que eu já não seja presidente, qualquer pessoa que entrar pode retomá-lo. É um projeto que pretendo que seja duradouro", assegura.
Elves acredita que a continuidade do projecto depende de parcerias e apoio a longo prazo.
"As doações podem ser passageiras. Agora estamos num pico porque é um projecto recente e toda a gente está a fazer doação. Mas quero ter a garantia de que daqui a duas semanas, ou três meses, ainda tenhamos o que doar", diz.
Para os interessados em apoiar a iniciativa, Elves disponibiliza o contacto através do Instagram, do número de telefone e de uma conta bancária pessoal.
A generosidade já começa a dar frutos, com apoio vindo de diversas fontes, incluindo estudantes do curso de Relações Públicas, que doaram quatro mil escudos e cinco pacotes de sumo, e contribuições da diáspora.