Boa Vista é a ilha com mais naufrágios em Cabo Verde dos 141 documentados

PorExpresso das Ilhas, Lusa,30 dez 2024 11:40

Os naufrágios de 141 navios em Cabo Verde, a sua localização e características, estão documentados num levantamento realizado pelo arqueólogo subaquático português Alexandre Monteiro, que identificou a maior parte das embarcações junto à ilha da Boa Vista.

Alexandre Monteiro, investigador do Centro de Ecologia Funcional (HTC) da Universidade de Coimbra e consultor do Governo de Cabo Verde para o projecto de arqueologia submarina Margullar, identificou neste levantamento a mais antiga perda: O navio holandês Naarden, naufragado em 1623 na ilha da Boa Vista.

A Lusa consultou o “Inventário dos naufrágios históricos no arquipélago de Cabo Verde”, que o investigador elaborou e está na posse do Governo cabo-verdiano, e que apresenta as águas junto à ilha da Boa Vista como as que registam mais naufrágios (49).

Dos 141 naufrágios documentados, três foram em mar alto, quatro na Brava, dois no Fogo, 22 no Maio, três em São Nicolau, 15 em São Vicente, 12 no Sal, 21 em Santiago e 10 em Santo Antão.

No levantamento apurou-se que oito perdas ocorreram no século XVII, 17 no século XVIII, 60 naufrágios no século XIX e 55 sinistros no século XX (até 1970).

A perda mais recente foi registada em 1970 e refere-se a um navio de cabotagem português, o Mira-terra, perdido num baixo da ilha do Maio.

Entre os naufrágios em Cabo Verde com dados georreferenciados constam o do navio “John E. Schmeltzer" que encalhou na ilha de Santo Antão, quando seguia do porto de Rosário, na Argentina, para Gotemburgo, na Suécia, com um carregamento de milho.

O milho foi salvo e distribuído pelo arquipélago, suprindo as necessidades levantadas pela grande fome de 1947.

Também o navio hidrográfico da Marinha Portuguesa "Dom João de Castro", que se perdeu na praia do Penedo da Janela, na ilha de Santo Antão, também em 1947, está devidamente catalogado, assim como os vapores brasileiros "Acary" e "Guahyba", afundados em 1917 pelo submarino alemão U151, no porto da Praia de São Vicente.

A escuna portuguesa "Livramento", naufragada com o Governador de Cabo Verde na baía do Rabo de Junco, na ilha do Sal, em 1868, e a chalupa anti-negreira USS "Yorktown", da Marinha de Guerra dos Estados Unidos da América, perdida em 1850 na ilha do Maio, constam igualmente da base de dados.

Neste catálogo estão os navios da Honorable East India Company "Hartwell", perdido na Boa Vista em 1787, com seis toneladas de prata a bordo, e o "Lady Burgess", perdido com um tesouro na baixa de João Valente, entre a Boa Vista e a ilha do Maio, em 1806.

O galeão português "Nossa Senhora da Conceição", do mestre de campo António Moniz Barreto, de 430 toneladas e 24 canhões, com 200 soldados e 100 artilheiros também pode ser consultado nesta base de dados.

Trata-se de uma embarcação que se perdeu por erro de navegação quando seguia em conserva na frota da rendição da Baía, Brasil. Morreram 50 pessoas.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,30 dez 2024 11:40

Editado porSara Almeida  em  1 jan 2025 10:43

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