A governante deu essa informação ao ser ouvida na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República portuguesa, para esclarecimentos sobre a morte de Odair Moniz, na Cova da Moura, em Outubro de 2024, e sobre a operação policial da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Martim Moniz, em Lisboa, em Dezembro do ano passado.
“Neste momento, ainda correm os inquéritos no Ministério Público e na IGAI sobre as eventuais responsabilidades criminais e disciplinares deste infeliz acontecimento. Temos que aguardar o final dos inquéritos”, disse Margarida Blasco que frisou que a questão da morte do cidadão cabo-verdiano “não pode ser ligada a actos de vandalismo que aconteceram”, posteriormente.
A governante lamentou a morte de Odair Moniz, tendo considerado que as tentativas do aproveitamento político “destas tensões sociais”, nomeadamente da criminalidade urbana, “são perfeitamente irresponsáveis”, e que os episódios de desacato e de violência que ocorreram nos dias seguintes na região de Lisboa, nada têm a ver e nada podem ser justificados com aquilo que aconteceu.
Odair Moniz, 43 anos, residente no bairro de Zambujal, no concelho da Amadora, foi baleado mortalmente por um agente da PSP no dia 21 de Outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo município e onde residem milhares de cabo-verdianos.
O sucedido desencadeou incidentes em várias comunidades da Área Metropolitana de Lisboa, com incêndios de automóveis, contentores de lixo e vários autocarros, sendo que um feriu gravemente o motorista, tendo as autoridades aberto inquéritos, mas que até ao momento ainda não são conhecidas as conclusões.
Na sequência, também o Movimento Vida Justa convocou uma manifestação em Lisboa, “Sem justiça não há paz”, que levou milhares à Avenida da Liberdade, em Lisboa, para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz.
O Vida Justa desde o início contestou a versão da polícia, exigindo uma comissão independente para investigar o ocorrido, assim como o SOS Racismo que condenou a morte na Cova da Moura e criticou a PSP, afirmando que “Odair Moniz junta-se à longa lista de pessoas negras mortas às mãos da polícia de segurança pública”.
Sobre a operação policial no Martim Moniz, no dia 19 de Dezembro de 2024, que deu origem a várias críticas, depois de várias imagens que mostravam dezenas de imigrantes encostados à parede, com as mãos no ar, para que fossem revistados, a ministra justificou o sucedido, sublinhando que o Ministério Público autorizou e acompanhou a PSP na Rua do Benformoso.