Em declarações à Inforpress, Sónia Dias, professora do terceiro ano na escola, disse que desde que iniciou o ano lectivo e começou a dar aulas, a 16 de Setembro, ainda não recebeu “um centavo” do Ministério da Educação, entidade empregadora.
“Estava na esperança de que ia receber em Dezembro, mas não recebi. Ontem, 22, foi o dia de pagamento e não me pagaram junto com os professores, então resolvi paralisar aulas desde hoje, e fiquei em casa”, declarou Sónia Dias.
A mesma indicou que presta serviço docente há dois anos e que nunca recebeu nos dois primeiros meses.
“Nunca recebi no Natal ou ano novo. E depois, nos meses a seguir, tinha sempre de assinar, de três em três meses, para poder receber. Ou seja, nunca recebi como os outros professores”, afirmou a professora.
A mesma informou que assim como ela, a professora Jenifer dos Reis, também se se encontra na mesma situação. A colega, que leciona o quarto ano, decidiu paralisar as aulas há já uma semana.
Sónia Dias também adiantou que ambas as professoras já tinham assinado o contrato definitivo, a 14 de Novembro, mas que na terça, 21 de Janeiro, após ter enviado um email ao Ministério da Educação, informando sobre a paralisação das aulas, tiveram de ir à delegação escolar da Boa Vista assinar outro contrato por suposta falha no anterior.
Natural de São Vicente, Sónia Dias indicou que se até Fevereiro a situação se mantiver, vai ter de voltar para a sua ilha, onde tem a sua família e casa, porque na Boa Vista não tem ninguém e está cheia de problemas por dívidas que só acumulam.
Maria Alcinda, mãe de um aluno do terceiro ano, disse que querem que paguem aos professores, porque todos os que trabalham têm direito a receber, para que os filhos possam voltar às aulas.
Ziodita Brito, mãe e professora também, disse estar preocupada com a situação pelo facto de o filho estar há quase duas semanas sem aulas. Diz temer atraso na lecionação de conteúdos no quarto ano, que tem prova final, porque é fim de um ciclo.
“Para mim, sinceramente, essa situação de não pagamento aos professores é uma coisa inexplicável, é desumano mesmo ver colegas deslocaram-se de outra ilha para prestar um serviço, para contribuir para o desenvolvimento, estarem nessa situação. Nem se compara a um trabalho de escravo, que tem alimentação gratuita, e nesse não tem”, afirmou a mãe.
Ziodita Brito disse ainda não ser possível o Ministério da Educação exigir motivação dos professores, pelo que devem resolver a situação, uma vez os alunos vão ser prejudicados.