Estas considerações foram prestadas em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia do Pai, que se assinala hoje, defendendo o reforço da legislação que obrigue os pais a cumprir a lei de obrigatoriedade de comparticiparem financeiramente no sustento do filho.
Para que este assunto esteja no centro das atenções, este activista social acrescentou que é necessário promover debates de reflexão não só nos meios da comunicação social, mas também nas comunidades, escolas, instituições e a sociedade civil, para que cada um reflita, analise e questione sobre as suas responsabilidades.
Avançou também que é fundamental incutir, desde cedo, a educação e valores aos filhos para que no futuro sejam um exemplo para os seus filhos. Mas que para isso é importante que tenham a presença do pai no seu crescimento.
Em Cabo Verde, disse, 60% das crianças não vivem com o pai e 13% não tem registo do pai, realidade que, segundo o activista social, contribui para o sofrimento muitas crianças no país.
Aliás, o membro dirigente da Rede Laço Branco acredita que este é um desafio que ainda persiste no seio de uma paternidade responsável.
Apesar deste desafio, considerou que actualmente as coisas estão a ter uma "evolução”, embora “lenta", em relação ao passado, a nível da responsabilidade paternal.
"Antes os pais tinham uma presença menor com os filhos, sobretudo os que não moram junto com eles. Hoje encontramos mais pais a procurarem os seus direitos para participarem na vida dos seus filhos", disse.
Este activista social sublinhou que a ausência e a forma que um pai participa na vida de um filho pode reflectir futuramente na sua educação, em vários aspectos, tanto positivo como negativo.
“Um pai não é só dar presentes, é estar presente na vida de um filho, que brinca, dá conselho, dá carinho, educa, entre outras funções", reforçou Paulino Moniz.
Por outro lado, apontou ainda a participação financeira que serve para a educação e o sustento dos filhos, que é uma outra questão que muitas mães cabo-verdianas têm reclamado, sobretudo após a separação.
De acordo com Paulino Moniz, muitas mulheres, por orgulho, não apresentam queixam à justiça para que o pai contribua para a educação e sustento do filho. Defendeu “mão dura” da justiça sobre os incumpridores, para que os homens cabo-verdianos tenham um comportamento diferente.
Paulino Moniz disse que esses casos acontecem muitas vezes com homens que trabalham.
A rede Laço Branco é um movimento de homens e rapazes que trabalham na questão da igualdade e equidade de género em Cabo Verde, elegendo a paternidade e cuidado como uma das prioridades do seu trabalho.
A inforpress ouviu também um pai de cinco filhos, divorciado, Sílvio Semedo. Este afirmou que mesmo divorciado tem feito de tudo para participar na vida e crescimento dos seus filhos.
Por isso apelou que todos os pais façam o mesmo, que estejam presentes e participem activamente no crescimento e educação dos seus filhos e assumir uma paternidade responsável.
Dia do Pai é uma data comemorativa que homenageia anualmente os pais. A data varia de acordo com os países.