O mural, pintado no âmbito do projeto ZambujArte, contempla também os rostos de outras pessoas mortas pela polícia, como Carlos Reis, mais conhecido por PTB, de 20 anos, em 2003, conforme explicou à Inforpress Flávio Almada, um dos membros fundadores do movimento.
“Esta homenagem pretende assinalar no espaço público do Zambujal a memória dos nossos saudosos companheiros, em particular de Odair Moniz. Ao mesmo tempo, apela às nossas comunidades e a todas as pessoas amantes da justiça para que estejam vigilantes e se unam no combate à cultura de impunidade, lutando para que a justiça prevaleça (…)”, justifica o movimento Vida Justa.
A iniciativa inclui ainda um almoço comunitário, concertos com artistas locais e amadores, e a distribuição do Manual de Sobrevivência, que aborda como agir quando abordado pela polícia.
Segundo o movimento, um ano após o assassinato de Odair Moniz por um agente da PSP, continuam a não existir mudanças significativas na actuação policial.
Odair Moniz morreu na Cova da Moura, também no concelho da Amadora (distrito de Lisboa), vítima de dois tiros disparados por um agente da PSP a 21 de outubro de 2024, durante uma perseguição policial.
Na altura, a PSP referiu que o homem se pôs “em fuga” de carro após ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
No entanto, segundo a acusação do Ministério Público, o cabo-verdiano de 43 anos tentou fugir da PSP e resistiu à detenção, mas não se verificou qualquer ameaça com recurso a arma branca, contrariando o comunicado oficial da polícia.
O julgamento do agente suspeito do homicídio estava marcado para quarta-feira, 15, mas foi adiado para 22 de outubro por motivos de saúde de um advogado.
O agente terá reconhecido, durante o primeiro interrogatório na Polícia Judiciária, que não foi ameaçado com uma arma branca, ao contrário do que constava no auto de notícia.
Dois agentes da PSP que acompanhavam o agente que terá disparado sobre Odair Moniz em Outubro do ano passado foram constituídos arguidos por falso testemunho sobre a faca que apareceu no local, segundo o despacho de acusação citado pelo Público.