Inaugurado há um ano e meio, o Centro de Dia de Monte Sossego é gerido pela associação, com o apoio do Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), e financiado pelo Ministério da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social (MFIDS).
Trata-se de um espaço cujo foco é acolher e proteger crianças provenientes de famílias vulneráveis fora do período escolar.
“Estamos a colocar as mãos num projecto em que possivelmente mais tarde colheremos bons frutos. É um desafio enorme, porque recebemos crianças que chegam com vícios e outras coisas da rua e da família, e temos feito um trabalho imenso para tentar corrigir esses vícios. Trabalhamos com elas a parte educativa e, felizmente, temos pessoas capacitadas para tentar melhorar as suas vidas”, explicou.
Segundo Aldevino Fortes, o Centro de Dia conta com cinco funcionários, nomeadamente um coordenador, dois monitores, uma ajudante de serviços gerais e limpeza e uma cozinheira.
O espaço, explicou, é tido como um centro de referência a nível nacional, facto que orgulha a associação, tendo em conta que é um projecto voltado para acolher crianças que, muitas vezes, ficam sozinhas quando os pais vão trabalhar, dando-lhes ocupação fora do período escolar para evitar que estejam na rua sem controlo e expostas a perigos.
“Neste momento acolhemos 50 crianças, mas algumas vão saindo porque as famílias mudam de localidade e residência. Outras saem ao completar 18 anos ou por outros motivos, e vamos sempre integrando novas crianças. Sabemos que, daqui a cinco ou seis anos, teremos jovens que sairão de lá formados e com outra mentalidade e postura, e quem ganha é a nossa comunidade e a sociedade”, afiançou.
Aliás, de acordo com a mesma fonte, o trabalho do centro já tem causado impactos positivos na comunidade de Monte Sossego, relatados pelos técnicos que ali trabalham e pelos próprios pais e encarregados de educação, que referem mudanças nos filhos em termos de comportamento e de vontade de estudar.
“É um projecto bastante interessante, mas faço um apelo ao Governo para tentar criar mais centros de dia em São Vicente. Nós estamos em Monte Sossego, que é a zona mais populosa da ilha, mas não conseguimos dar vazão a tanta procura, porque a nossa lista de espera, se calhar, é o dobro ou mais do número de crianças que acolhemos”, adiantou Aldevino Fortes.
No entanto, o presidente da Associação Alto Bomba Unido apelou aos pais para terem maior atenção aos seus filhos e mais responsabilidade em apoiá-los nos estudos.
Pois, argumentou, “uma criança que recebe sempre atenção dos pais estará mais motivada a aprender”.
Segundo Aldevino Fortes, neste momento a maior dificuldade é a inexistência de um psicólogo no Centro de Dia de Monte Sossego para ouvir e orientar as crianças.
“Uma criança deve estar sempre a brincar, a sorrir e a fazer muitas coisas. Mas, às vezes, muitas delas vêm de casa com um olhar distante e triste, e percebe-se logo que algo está a acontecer com elas. Por isso, sentimos falta de um psicólogo para tentar identificar os casos que carecem de uma intervenção mais urgente”, afirmou a mesma fonte, acrescentando ainda que o centro também precisa de mais parceiros para apoiar nas actividades e na alimentação das crianças.
homepage








