Vendedoras do Mercado do Plateau e de Sucupira apontam vendas moderadas no pós-Natal para passagem de ano

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,29 dez 2025 14:32

As vendedeiras do Mercado Municipal do Plateau apontam vendas moderadas no período pós-Natal e expectativas cautelosas para a passagem de ano, num contexto marcado por dificuldades económicas, baixo poder de compra e fraca movimentação dos consumidores. Já os comerciantes de Sucupira, na cidade da Praia, afirmaram que as vendas na época festiva deste ano foram fracas

Entre bancas com oferta reduzida e compradores mais selectivos, vendedoras apontam os preços elevados dos produtos agrícolas, o desemprego e a emigração jovem como fatores que continuam a travar o dinamismo comercial nesta época festiva.

Durante a manhã de hoje, a Inforpress constatou que a circulação de pessoas no Mercado do Platô foi constante, porém sem grandes aglomerações, com consumidores a privilegiarem compras pontuais e em pequenas quantidades, sobretudo de produtos essenciais, tendo sido auscultadas algumas vendedeiras locais.

Tomate, pimentão, cebola e outros hortícolas continuam entre os artigos mais procurados, embora os preços variem consoante a qualidade e a disponibilidade.

Maria da Moura considera que o Natal decorreu de forma tranquila, mas com vendas abaixo das expectativas habituais para esta altura do ano.

“O Natal não esteve tão mal, graças a Deus. Quem conseguiu, conseguiu. Eu consegui vender um pouco, batata, tomate, pimentão… não foi grande coisa, mas deu para aguentar”, afirmou à Inforpress.

Segundo a vendedora, a actual tabela de preços, elevada, resulta sobretudo das dificuldades enfrentadas pelos agricultores, nomeadamente devido às chuvas irregulares que afectaram a produção e a oferta no mercado.

“O preço exagerado não é culpa só nossa. A chuva prejudicou os agricultores, levou muita coisa. É o preço que está no momento. O tomate está a 800, 700, 500 escudos, depende”, explicou, acrescentando que a retoma da produção poderá contribuir para uma descida gradual dos preços.

Quanto à véspera da passagem de ano, Maria Isabel admite que possa haver algum acréscimo na procura, ainda que limitado pelo baixo poder de compra.

“O Ano Novo tem venda, mas é pouco. É mais para quem tem dinheiro. Tem gente que nem consegue pôr nada na balança”, disse.

Opinião semelhante é partilhada por Izilita da Veiga, que classifica as vendas do Natal como “mais ou menos” e aponta factores estruturais para a fraca movimentação.

“Tudo depende do trabalho que as pessoas têm. Muita gente está a emigrar, principalmente os jovens, e isso deixa Cabo Verde preocupado. Quando os jovens vão embora, as coisas ficam mais fracas”, afirmou.

Para a vendedora, a ausência de emprego reflete-se não apenas no consumo, mas também no ambiente festivo da cidade.

“Aqui no Platô, o Natal foi triste: pouca venda, pouco produto”, referiu, defendendo maior intervenção do Estado na criação de oportunidades de trabalho.

Relativamente às perspetivas para 2026, ambas as vendedoras apontam a criação de emprego e a dinamização da economia como factores decisivos para a recuperação das vendas e para um mercado mais animado.

“Sem dinheiro, não há venda”, resume Izilita da Veiga, ao salientar que o desemprego continua a ser o principal entrave ao comércio informal.

Apesar das limitações registadas, as vendedoras do Mercado do Platô mostram-se esperançosas de que a passagem de Ano possa dinamizar as vendas, salientando, contudo, que uma retoma consistente dependerá de melhorias concretas na economia e na criação de emprego em Cabo Verde.

A recuperação das vendas, segundo apontam, está intimamente ligada à estabilidade econômica, ao aumento do poder de compra e à capacidade das famílias de participarem plenamente nas festividades.

Queda nas vendas em Sucupira

Já os comerciantes de Sucupira, na cidade da Praia, afirmaram hoje que as vendas na época festiva deste ano foram fracas, atribuindo a situação à emigração de cabo-verdianos e à concorrência de produtos importados a preços mais baixos.

Os comerciantes do mercado informal relataram hoje uma diminuição nas vendas durante as épocas festivas deste ano, altura que tradicionalmente é marcada por maior procura destes produtos.

Em declarações à Inforpress, Zeferina Santos afirmou que a venda ficou abaixo do esperado, sublinhando que a emigração tem tido impacto directo no número de clientes.

Segundo explicou, a saída de muitos cabo-verdianos do país reduziu significativamente a procura, tornando o movimento comercial cada vez mais fraco.

A vendedora manifestou, no entanto, esperança de melhorias no próximo ano, desejando que “2026 seja melhor do que 2025”.

Por sua vez, Edson Teixeira confirmou a quebra nas vendas, comparando negativamente o desempenho deste ano com períodos festivos anteriores.

Para este comerciante, a concorrência de produtos vendidos a preços mais acessíveis por chineses têm influenciado o consumo, uma vez que os vendedores locais enfrentam custos acrescidos, como o pagamento de impostos.

Apesar do cenário desfavorável, os vendedores ouvidos mantêm expectativas de recuperação em 2026, acreditando numa melhoria do poder de compra e no aumento da procura pelos produtos tradicionais.

Considerada o maior mercado informal da cidade da Praia, a Feira de Sucupira, onde se encontra produtos locais, e importados, da Europa, América e da Costa d’África, tradicionalmente costuma registar uma das maiores movimentações por esta altura do ano, mas nos últimos tempos os comerciantes relatam a redução significativa dos clientes.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,29 dez 2025 14:32

Editado porAndre Amaral  em  29 dez 2025 17:19

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