O presidente da Câmara de São Salvador do Mundo, João Baptista Pereira, afirmou hoje ter ficado satisfeito com a decisão do Tribunal de Santa Catarina ao condenar Felisberto Sanches Correia a três anos de prisão por fraude eleitoral.
Em conferência de imprensa, o autarca considerou que o Tribunal de Santa Catarina fez justiça ao condenador o ex-operador informático da Comissão de Recenseamento Eleitoral (CRE) de São Salvador do Mundo, Felisberto Sanches Correia, por prática de fraude nas autárquicas de 2012.
Nesta altura, João Baptista Pereira, candidato do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), acusou o operador da CRE de ter adulterado os cadernos eleitorais, mudando e transferindo as inscrições de 10 pessoas afectas à sua lista para outras localidades, nomeadamente para a ilha da Boa Vista.
Para o autarca, as transferências no caderno eleitoral não foram um acto "inocente", visto que os "transferidos" eram e são amigos, simpatizantes e candidatos da lista do PAICV à Câmara e Assembleia Municipais de São Salvador do Mundo.
“Apesar de esta pena ter sido suspensa por três anos, nós damo-nos por satisfeitos, na medida em que consideramos que há uma ameaça que impende sobre o Felisberto Correia de ser preso se, nos próximos três anos, se apresentar novamente perante o tribunal", notou João Baptista Pereira.
Na opinião do autarca, isso constitui "elemento dissuasor suficiente para que esse senhor arrepie caminho, faça exame de consciência e peça desculpa aos visados”, afirmou.
Contudo, disse ainda não compreender a verdadeira motivação do ex-operador da CRE, uma vez que, no Tribunal, negou denunciar os mandantes.
Diante disso, João Baptista Pereira assegurou que fica no ar a seguinte questão: o que terá motivado um jovem no início da sua vida e na universidade a ir por este caminho, pondo em causa o seu emprego, correndo o risco de ir para a prisão e tendo ainda às costas um registo criminal do qual irá constar este facto.
De acordo com o edil, o arguido cometeu um crime com elevado “nível de perfeição”, ou seja, cometeu os crimes nos dois últimos dias do encerramento do caderno eleitoral, momento em que seriam de difícil detecção porque os cadernos iam ser encerrados.
“A forma que Felisberto utilizou para cometer estes crimes leva a que tenhamos a legitimidade de questionar se ele agiu por auto próprio ou a mando de alguém. Se agiu por auto próprio, perguntamos o que efectivamente tem contra nós”, sublinhou.
Agora, João Baptista Pereira entende que cabe à Comissão Nacional das Eleições (CNE) e, particularmente, ao Dr. Hélio Sanches, na altura presidente deste órgão, comentar a decisão do Tribunal da Comarca de Santa Catarina, considerando as afirmações que fez na altura, quando foi denunciado o crime.
“O porta-voz da CNE, Hélio Sanches, veio imediatamente à ribalta dizer que nós estávamos a faltar à verdade e que era tudo falso. Penso que, agora, a CNE ficou numa posição complicada”, frisou.
Com esta decisão, o autarca diz estar convencido que o PAICV em São Salvador do Mundo deu uma grande contribuição para a consolidação do sistema democrático cabo-verdiano, o que prova que o sistema é credível, viável e que os todos que prevaricarem são punidos.