Há menos de um ano Governo descartava fim da operação doméstica da TACV

PorNuno Andrade Ferreira,25 mai 2017 14:46

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O Governo já foi contra o modelo de reestruturação da TACV que agora defende. Em Agosto de 2016, o ministro da Economia garantia que a empresa continuaria a operar inter-ilhas. Nessa altura, José Gonçalves defendia que reestruturar para privatizar era um modelo ultrapassado.

 

O executivo anunciou terça-feira o destino imediato da TACV. A partir de 1 de Agosto, a companhia de bandeira deixará de voar entre as ilhas, concentrando-se, apenas, no mercado internacional, em moldes e rotas ainda por explicar. Entregar as ligações domésticas à Binter Cabo Verde é a solução da tutela para estancar a hemorragia financeira que representa a TACV para os cofres do Estado.

Contudo, a 3 de Agosto do ano passado, a convicção de José Gonçalves era diferente. Então, ao reagir a uma notícia da Ocean Press, que antevia a decisão agora anunciada, o governante foi categórico e negou a possibilidade.

“A TACV funciona nos mercados domésticos e internacionais por direito adquirido. Não há nenhuma decisão neste sentido e longe de nós. Isto é uma pura especulação, no sentido de segmentar ou sair. Não faz sentido lógico”, dizia em conferência de imprensa.

O ministro mostrava-se, inclusive, surpreendido. “Fiquei surpreendido com esta notícia. Isto nunca foi tratado. A solução da privatização é que vai determinar qual é a configuração”.

Numa altura em que a Binter CV ainda não tinha levantado voo, à espera da conclusão do processo de licenciamento, José Gonçalves assegurava: “o Governo não está a negociar com nenhuma empresa para entrar nos voos domésticos, porque o procedimento [da Binter Cabo Verde], neste momento, está a nível administrativo”.

Há 10 meses, o titular da pasta da Economia garantia que não haveria reestruturação para privatização. “Toda a gente cansou-se desse modelo”, afirmava aos jornalistas.

“É um modelo que não surtiu nenhum resultado e que só deu grandes prejuízos para a companhia. Vamos passar para uma solução de colocar a empresa tal como está e onde está para ver do interesses de outros parceiros estratégicos, operadores no sector, para ver qual o valor e o interesse, para a TACV fazer parte de algum grupo”, acrescentava.

Reestruturação e despedimentos

O fim da operação doméstica da TACV será apenas o início da reestruturação, para privatização, do que restará da companhia: operação internacional e manutenção.

A TACV, "outrora um orgulho do nosso povo e símbolo da nossa independência e integração nacional, transformou-se num poço de dívidas e de inoperância", disse há dois dias o ministro da Economia, José Gonçalves.

Sabe-se da inevitabilidade de despedimentos mas permanece a incerteza quanto à dimensão da redução de quadros. Ouvido pelo Expresso das Ilhas (EI), o comandante Kitana Cabral anunciou que o conselho de administração deverá anunciar mais novidades na próxima semana

Até ao verão, aguarda-se outra mudança no sector da aviação civil. O Estado entrará no capital da Binter Cabo Verde, tornando-se dono de 49 por cento da subsidiária da Binter Canárias. O negócio não é uma surpresa. Em Dezembro de 2016, o EI dava conta da vontade da transportadora em acolher sócios cabo-verdianos “públicos ou privados”.

“Pensámos que seria uma boa ideia não só ter funcionários cabo-verdianos mas também sócios cabo-verdianos”, dizia, por alturas do Natal, o vice-presidente da Binter, Rodolfo Nunez.

 

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,25 mai 2017 14:46

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  26 mai 2017 10:38

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