Os debates no Parlamento não produziram “mais dados sobre os negócios públicos em curso”, defendeu José Maria Neves num texto publicado no Facebook. Para o antigo primeiro-ministro “sem justificativa fundamentada das políticas públicas não pode haver transparência. Se permanecermos nessa linha, continuaremos pela certa a descer no ranking da boa governação. Em democracia, o poder é limitado e exige-se conformidade, prestação de contas, sentido de justiça e do bem comum e transparência. Tudo o que tem faltado”.
Outra crítica. A não apresentação do Orçamento do Estado para 2018 aos parceiros sociais. “Nem sequer é ouvido o Conselho de Concertação Social, mas o OE é posto a debate público, desde que ninguém critique ou apresente ideias alternativas. São eles e só eles, os novos donos do poder, os detentores únicos do saber, podendo, por isso, assumir-se como os lídimos intérpretes do interesse público. Para quem não tem ideias e fica por expressões descontextualizadas, parece-me que há quem esteja, rapidamente, a alfabetizar-se, lendo, ou melhor, decorando livros de citações, o debate é impossível”.
Quanto à discussão do Orçamento do Estado no parlamento, o antigo primeiro-ministro confessa que esperava “um debate fundamentado a propósito da política de industrialização pela via da substituição de importações em detrimento de acções catalisadoras da competitividade. Afinal, qual a estratégia?: melhorar a competitividade e o ambiente de negócios e promover as exportações ou substituir as importações? As medidas em curso podem trazer resultados eleitorais a curto prazo, mas comprometem irremediavelmente o futuro”. E reforça: “Fica-me também a impressão da desorçamentação de um conjunto de despesas públicas, o que pode redundar, no futuro, em dívidas ocultas (ou fora do perímetro, como sói dizer-se agora), com consequências gravosas para a consolidação orçamental e para o tecido empresarial privado”.