Ministério da Saúde reafirma aposta na abordagem “One Health”

PorChissana Magalhães,4 ago 2018 7:07

​É uma abordagem recomendada pela Organização Mundial da Saúde e que interliga vários sectores relacionados à saúde pública como forma de facilitar e acelerar as soluções. O ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, garante que o Governo de Cabo Verde tem-se empenhado fortemente na estratégia. O Observatório de Saúde é um dos mecanismos que deverá ser colocado ao serviço da abordagem Uma só Saúde.

Elementos do Ministério da Saúde e do Ministério da Agricultura e Ambiente reuniram-se esta segunda-feira na Cidade Velha num encontro de reflexão sobre a abordagem One Health, Uma Só Saúde, conceito difundido pela OMS e que basicamente se refere à projecção e implementação de programas, políticas, legislação e investigação intersectorial, ou seja, em que sectores diversos se comunicam e trabalham em conjunto para alcançar melhores resultados no que a políticas públicas diz respeito.

Mas o conceito pode ser ainda alargado de modo a incluir colaboração e sinergias entre médicos, veterinários, biólogos, dentistas, enfermeiros e outras disciplinas de saúde científica e ambiental.

Particularmente relevante em áreas de trabalho como a segurança alimentar, o controlo de zoonoses (doenças que podem ser passadas de animais para os humanos e vice-versa) e no combate à resistência aos anti-bióticos, a abordagem Uma Só Saúde intersecciona a Saúde Humana, a Saúde Animal e a Saúde Ambiental, conforme fez lembrar o ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário.

A OMS exemplifica a extrema necessidade da abordagem One Health afirmando que se apenas um sector desenvolver esforços para prevenir ou eliminar problemas, como micróbios que infectam tanto animais como pessoas vivendo no mesmo ecossistema, não será possível obter sucesso.

Presente no encontro da Cidade Velha o representante da OMS, Mariano Castellon Salazar, espera a execução bem-sucedida do projecto Uma Só Saúde “a fim de fortalecer a capacidade do país de responder a emergências sanitárias causadas por doenças transmitidas por mosquitos”.

No encontro desta segunda-feira, o ministro da Saúde reconheceu que o objecto do encontro sobre a Saúde Única, “interpela a capacidade de articulação entre os diversos Departamentos Governamentais, numa lógica de intersetorialidade, mas também da capacidade de colaboração intersectorial no interior dos respetivos Ministérios”.

Conforme informação oficial do Governo, Rosário vincou que a estratégia obriga a uma abordagem holística no enfrentamento dos riscos sanitários e na resposta às epidemias que os países enfrentam e Cabo Verde já vem se “empenhando fortemente” na estratégia Saúde Única conforme tem anunciado até em fóruns internacionais, “incluindo a reunião Conjunta dos Ministros da Saúde e do Ambiente, que teve lugar em Dakar, em finais de 2016”.

Efectivamente, um seminário para aprendizagem da utilização de uma ferramenta “One Health” já tinha reunido na cidade da Praia, em Agosto de 2012, cerca de trinta técnicos dos serviços centrais do Ministério da Saúde, hospitais, delegacias de Saúde, bem como dos Ministérios das Finanças e Planeamento, do NOSI (Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação), CCS-SIDA, INE (Instituto Nacional de Estatísticas) e das Agências do Sistema das Nações Unidas, no âmbito de uma revisão do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário 2012-2016.

Entre o leque de temas abordados pelos especialistas dos dois ministérios, no encontro da Cidade Velha, foi incluído os problemas e desafios que a implementação da abordagem acarreta. Dentre estes desafios aponta-se a necessidade de partilha e cruzamento entre sectores de dados epidemiológicos e informações provenientes dos laboratórios.

Observatório de Saúde

Uma plataforma essencial para a implementação e concretização da estratégia “Uma Só Saúde” deverá ser o Observatório de Saúde, alocado ao Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) que tem como missão gerar, desenvolver e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos sobre a saúde e seus determinantes e ainda coordenar e promover a adopção de políticas de promoção da saúde no país, numa perspectiva multissectorial e multidisciplinar.

O Observatório de Saúde integra – ou deveria integrar – informações do SIG-Saúde (Sistema de Informação Geográfica em Saúde), a análise das estatísticas de saúde e seus determinantes e a elaboração de cenários prospectivos e projecções, que devem ser os alicerces do Observatório.

Criado em Maio 2017, o site do INSP, e consequentemente o Observatório de Saúde, está ainda em processo progressivo de inserção de dados e por conseguinte, dos campos acima referidos apenas encontramos alguns dados para Cenários e Projecções de Indicadores e outros dados de apoio, como os relatórios estatístiscos do Ministério da saúde até 2016.

Quanto ao SIG-Saúde, software desenvolvido pelo NOSi para o INSP, é uma plataforma tecnológica interactiva criada com o objectivo de contribuir para a “democratização do Sistema de Informação Sanitária, em particular, as estatísticas de saúde, promovendo a interface entre estes e o território onde os eventos de saúde pública ocorrem”.

Esta ferramenta, se plenamente alimentada, irá oferecer a políticos e decisores de políticas públicas de Saúde, aos utentes, jornalistas, e ao cidadão em geral, “uma visão profunda e desagregada de informação sanitária relevante para o desenvolvimento socio-económico de Cabo Verde”.

O Sistema contempla seis módulos: Vectores-Mosquito; Morbilidade; Mortalidade; Financiamento; Rede de Infra-estruturas de Saúde e Cobertura de Serviço e Acesso. Porém, acedendo aos mesmos, facilmente se detecta que o volume de informações disponíveis ainda tem bastante por onde aumentar.

Um trabalho que terá que ser assumido a fim que se alcance o propósito estabelecido de maior inclusão e justiça social.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 870 de 01 de Agosto de 2018.

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Autoria:Chissana Magalhães,4 ago 2018 7:07

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  4 ago 2018 21:02

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