Francisco Ribeiro Telles, que esteve recentemente em Bruxelas para contactos com instituições europeias, adiantou à Lusa que foi discutida “a possibilidade do reforço de relacionamento político e de cooperação entre a CPLP e a União Europeia, através da actualização de um memorando de entendimento, (…), assinado em 2007” entre as duas organizações, mas que “nunca foi operacionalizado”.
“Portanto, houve um acordo de princípio de que vale a pena voltarmos a pegar neste documento, de carácter genérico, e ver como é que podemos aprofundá-lo”, sublinhou.
Segundo o secretário-executivo da CPLP, o memorando existente estabelecia áreas de cooperação entre os dois blocos, mas “era muito vago”.
“Agora, o que ficou decidido foi que, além de estabelecermos parcerias de interesse mútuo dos países da CPLP e da União Europeia, a UE indicaria um ponto focal, nós, no secretariado-executivo, também encontraríamos um ponto focal, para voltarmos a trabalhar no documento e operacionalizá-lo”, explicou.
Admitindo que o novo memorando já não será assinado durante o seu mandato, que termina em Julho próximo, o diplomata considerou, porém, que esta aproximação foi “o pontapé de saída” para que a CPLP possa reanimar as relações com a União Europeia, uma mensagem que irá passar ao seu sucessor, o timorense Zacarias Albano da Costa.
“Não deixarei de dizer que é importante pegar neste dossier, porque há todas as condições neste momento para que se possa no futuro vir a estabelecer parcerias mútuas de interesse comum, nas quais a UE está bastante interessada”, frisou.
O diplomata realçou que durante a sua visita a Bruxelas constatou que há “um interesse crescente por parte da União Europeia em relação às matérias africanas”.
Quanto a áreas de cooperação possíveis, apontou as da Educação e da Saúde, mas também a da Segurança e Defesa.
O embaixador recordou que a deslocação a Bruxelas estava planeada desde o início do seu mandato como secretário-executivo da organização, mas por causa das eleições europeias e consequente alteração da Comissão Europeia e, no último ano, por causa da pandemia, não tinha conseguido realizá-la.
“Aproveitei agora, pelo facto de Portugal estar a exercer a presidência da União Europeia”, referiu.
“Genericamente o objetivo da visita foi manter contatos com as instituições da União Europeia (…) para vermos como poderíamos cooperar, quais as possibilidades de uma cooperação mais efetiva com a CPLP”, concluiu.