"Já não vou apresentar a candidatura pela seguinte razão: o Estado de Cabo Verde não garante a imparcialidade, não garante a não compra de votos e a transparência nas eleições”, disse em conversa com a Inforpress, indicando que chegou a esta conclusão depois de ter falado com as pessoas e com as autoridades que têm a ver com essas situações.
“As pessoas não garantem nada. Dizem que não sabem, que vão fazer o necessário, o possível. Quer dizer que as coisas vão ser como nas autárquicas e nas legislativas. Todo mundo sabe que há essas situações, mas ninguém toma as medidas”, declarou o ex-pré-candidato a dois dias do término do prazo para a apresentação das candidaturas junto do Tribunal Constitucional.
Daniel Medina admitiu que as dificuldades financeiras terão pesado na sua decisão, mas sublinhou que a situação em que se encontra a democracia cabo-verdiana foi incisiva.
“A dificuldade financeira é uma das partes, mas a parte fundamental é o caminho que Cabo Verde está a seguir. Portanto, o que me preocupa é a situação em que se encontra, infelizmente, o Estado de Direito, neste momento, em que não há transparência, não há imparcialidade e o próprio Estado não garante aos cidadãos essa possibilidade de ir às urnas e ser legitimado”, sustentou.
E por considerar que assim como as coisas estão não vai valer a pena, desistiu para preparar melhor para as próximas eleições que terão lugar daqui a cinco anos.
Quem também tinha anunciado a sua intenção de se candidatar às eleições presidenciais e não vai entrar na corrida é o empresário Marco Rodrigues.
Conta que ficou impedido pela Constituição da República de Cabo Verde por ter a dupla nacionalidade e espera que daqui a cinco anos haja revisão constitucional para a retirada dessa imposição e poder concorrer ao cargo de chefe de Estado.
O ex-presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) e ex-primeiro-ministro, José Maria Neves, foi o primeiro a formalizar a sua candidatura junto do Tribunal Constitucional.
Hoje, às 10h30, o antigo presidente do Movimento para a Democracia (MpD) e antigo primeiro-ministro, Carlos Veiga, estará a entregar a documentação no Tribunal Constitucional. Além do MpD, também a UCID anunciou hoje o seu apoio a esta candidatura.
O advogado e ex-deputado do MpD, Hélio Sanches, e o ex-coordenador da União Cabo-verdiana Independente Democrática Cristã (UCID), Péricles Silva, são outros dois pré-candidatos, que contactados pela Inforpress, indicaram que estão a ultimar a documentação para formalizar, dentro do prazo legal, as suas candidaturas.
De acordo com o calendário eleitoral, publicado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o prazo para a apresentação das candidaturas às eleições presidenciais de 17 de Outubro termina no dia 18 de Agosto, sendo que o sorteio da ordem a atribuir às candidaturas nos boletins de voto vai ser realizado no dia seguinte, 19 de Agosto.