De acordo com o relatório síntese da execução orçamental de Janeiro a Setembro, do Ministério das Finanças, a que a Lusa teve hoje acesso, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, mas com as receitas a subirem 31,4% face ao mesmo período de 2021, bem como as despesas, neste caso em 7,2%.
O défice equivalente a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) até Setembro mantém a mesma percentagem face ao mês anterior, de Agosto, mas compara com o saldo negativo em 13.117 milhões de escudos em Setembro de 2021, equivalente a 6,7% do PIB estimado para o ano passado, segundo os dados do Ministério das Finanças.
No Orçamento do Estado para 2022, o Governo inscreveu uma previsão de défice das contas públicas de 6,1% do PIB – toda a riqueza produzida no país – esperado acima de 188.945 milhões de escudos, face aos 176.960 milhões de escudos projectados para 2021.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – sector que garante 25% do PIB do arquipélago – desde Março de 2020.
Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo reviu de 6% para 4% a perspectiva de crescimento económico em 2022. Contudo, já no final de Outubro, o Governo voltou a rever essa previsão, para pelo menos 8% de crescimento este ano.
Cabo Verde inverteu em 2020 – défice de 9,1% do PIB – a tendência decrescente dos seis anos anteriores, de diminuição do défice das contas públicas, segundo dados anteriores do banco central.
Nos últimos 10 anos, o saldo das contas públicas (anual) foi sempre deficitário, com picos em 2012 (-10,3% do PIB) e 2013 (-9,3% do PIB), descendo até ao mínimo de -1,8% do PIB em 2019, antes da crise provocada pela pandemia.
As contas públicas registaram um défice superior a 14.371 milhões de escudos em 2021, equivalente a 8,1% do PIB estimado, mas abaixo do inicialmente previsto, segundo dados anteriores do Ministério das Finanças.
De acordo com o relatório da Conta Provisória do Estado no quarto trimestre de 2021, este desempenho continuou a ser condicionado pelas consequências económicas da pandemia de covid-19, embora com uma recuperação nas receitas totais, mais 1,8% face a 2020, e um aumento de 0,5% nas despesas.
O défice de 8,1% de Janeiro a Dezembro de 2021 compara com o défice de 8,9% no mesmo período de 2020, segundo os dados do mesmo relatório.