Primeiro-ministro de Cabo Verde diz que a migração pode ser encarada como um activo

PorExpresso das Ilhas,27 ago 2023 18:02

"A expectativa dos cidadãos é de poderem viajar entre os nossos países sem constrangimentos"
"A expectativa dos cidadãos é de poderem viajar entre os nossos países sem constrangimentos"

Ulisses Correia e Silva reconhece apreensões com a saída dos jovens do país, mas acredita que acordo de mobilidade vai reduzir tendência de emigração

Em São Tomé e Príncipe, palco da 14ª cimeira da CPLP, o Chefe do Governo reconheceu que o lema da presidência de STP, “Juventude e sustentabilidade na CPLP” é desafiante, numa Comunidade de países com demografias e economias diferentes e num contexto global muito difícil.

“A fixação de prioridades na Educação, na Qualificação Profissional, no Digital e no Fomento do Empreendedorismo Jovem pode ser concretizada em instrumentos de cooperação bilateral e multilateral, partilha de boas práticas e experiências sobre políticas públicas entre os nossos países”, sublinhou Ulisses Correia e Silva, que deu os exemplos das iniciativas conjuntas que Cabo Verde desenvolve com o governo português na cooperação bilateral, como o Programa de Mobilidade Laboral (garante direitos laborais a nível salarial e de segurança social a cabo-verdianos que decidam trabalhar em Portugal) e a criação de um Hub de Formação Profissional em Cabo Verde (oferta formativa de qualidade, certificada, orientada para os mercados de trabalho de Cabo Verde e de Portugal nas áreas da indústria metalomecânica, área digital, construção civil, sector social e turismo).

“Sabemos que existem apreensões em matéria de migrações, particularmente dos jovens. Ao tomarmos a decisão pelo Acordo da Mobilidade, a expectativa dos cidadãos é de poderem viajar entre os nossos países sem os constrangimentos actualmente existentes. Havendo mobilidade, possibilidade de ir e voltar; ir novamente e voltar novamente sem grandes restrições, reduz-se a tendência para a migração. Vai e fica em muitos casos aquele que sabe que se voltar terá dificuldades em ir novamente. Submete-se a tudo para poder ficar”, defendeu o Chefe de Estado.

Ulisses Correia e Silva citou ainda uma entrevista de Andrés Rodriguez-Pose, coordenador do grupo de peritos da Comissão Europeia sobre o futuro da política de coesão. “Questionado sobre a perda de jovens qualificados portugueses para a emigração, ele responde: ‘podemos encarar a emigração como um problema de perda de talento no curto prazo ou como um activo” (…) os muitos talentosos portugueses a trabalhar no estrangeiro, estão a adquirir experiência e conhecimento que pode ser aproveitado mais tarde. Foi o que aconteceu à Irlanda. Muito da diáspora irlandesa que estava no RU e nos EUA, voltou para a Irlanda para trabalhar. Saíram duma Irlanda tradicional e contribuíram e voltaram para uma Irlanda moderna e aberta ao mundo’. E a Irlanda transformou a sua economia na base das competências e não através de impostos baixos, que é apenas instrumental”.

Para o primeiro-ministro, e excluindo as situações de migrações por motivos extremos como a guerra, a intolerância e a fome, “a migração funciona como um estabilizador social e económico em períodos longos ou mais curtos. Cabo Verde tem uma longa experiência existencial destes fenómenos”.

Ulisses Correia e Silva lembrou que o mundo vive, actualmente, um contexto global de conjugação de crises e de incertezas intensas e concentradas num curto espaço de tempo: crises da democracia em ambientes de nacionalismos, populismos, extremismos e imediatismos; crises económicas; crises pandémicas; mudanças climáticas; aumento da pobreza e das desigualdades; e guerras como a da Ucrânia que não se via desde a II Guerra Mundial.

“É neste contexto que os jovens vivem! É por isso, importante trazer os jovens para debates sobre temas como a democracia e a tolerância; transição energética, protecção dos oceanos e acção climática; desigualdades e pobreza; segurança e prevenção de conflitos”, sublinhou o primeiro-ministro.

O Chefe do Governo reconheceu que estes são temas e questões globais e nacionais que interpelam a CPLP também a nível das lideranças.

“São questões determinantes para o desenvolvimento sustentável e para o futuro dos jovens e que exigem muita liderança, determinação e capacidade de influenciação para a mudança do status quo. Na CPLP podemos juntar os esforços, concertando, cooperando, investindo, trocando experiências e boas práticas e influenciando para o desenvolvimento sustentável dos nossos países e do mundo”, concluiu Ulisses Correia e Silva.

A CPLP realizou este domingo a 14.ª conferência de chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, sob o lema "Juventude e Sustentabilidade".

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Autoria:Expresso das Ilhas,27 ago 2023 18:02

Editado porJorge Montezinho  em  28 ago 2023 11:50

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