A deputada do Movimento para a Democracia (MpD), Lúcia dos Passos, lembrou que foi este cidadão morto por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) em Amadora, que outrora foi abraçado pelo Presidente da República de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa.
“Portanto, nós repudiamos a atitude do presidente do partido Chega [André Ventura] e pensamos que o parlamento português deveria apresentar uma moção de censura contra a intervenção que ele fez”, afirmou.
Entretanto, manifestou a solidariedade do MpD para com a família da vítima ao mesmo tempo que apelou aos cabo-verdianos para se manterem solidários e que aguardem com serenidade o inquérito que está em curso, pedindo ao Governo de Cabo Verde que seja firme após a apuração dos resultados.
Por seu lado, a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), representada pela deputada Zilda Oliveira, aproveitou igualmente para condenar a morte de Odair Moniz e manifestou solidariedade com os familiares.
“Dizer que nós aguardamos pelos resultados do inquérito e esperamos que se faça justiça. Pedir aos cabo-verdianos que tenham calma, que aguardem os resultados deste inquérito”, disse advertindo que a violência não pode ser combatida com violência.
Este partido da oposição aproveitou também para condenar todos os actos racistas, xenófobos, indicando que todos os seres humanos, independentemente da cor, da origem e da cultura são iguais.
O deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) João Baptista Pereira também criticou as “condições sub-humanas” que muitos cabo-verdianos têm vivido no estrangeiro, particularmente em Portugal, vítimas muitas vezes de ataques de autoridades.
“Este momento de centenário de Cabral simboliza que, de facto, os cabo-verdianos não podem continuar a ser tratados assim em nenhuma parte do mundo, e temos que denunciar isso e lutar para que a nossa terra seja aquela em que Amílcar Cabral sonhou para não passamos nunca mais por estas situações”, frisou.
O deputado Orlando Dias, do MpD, reforçou que este acto é condenável e defendeu que o Estado deverá ter um “posicionamento claro, duro”, por entender que se está numa década, numa fase de desenvolvimento da humanidade que não se pode permitir o racismo, nem a xenofobia.
Odair Moniz de 43 anos, faleceu no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, para onde foi socorrido depois de ter sido baleado por um agente da PSP, na Cova da Moura, na madrugada de segunda-feira, 21, situação que gerou uma onda de contestação no bairro de Zambujal, onde residia.