Na segunda sessão de Dezembro, depois da apresentação do voto de pesar por Lilica Boal, directora da escola-piloto do PAIGC na luta pela independência da Guiné e Cabo Verde, falecida em Novembro, o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, declarou "aprovado" e solicitou "um minuto de silêncio em memória da malograda".
"Com base nas intervenções, há consenso quanto ao voto de pesar", considerou.
Os votos de pesar foram apresentados esta manhã pelo grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
A Maria da Luz Boal, mais conhecida como Lilica, o PAICV recordou-a como "humanista, defensora da justiça e da igualdade entre os povos".
"Neste momento de dor, o grupo parlamentar do PAICV endereça os sentimentos de profundo pesar, bem como a expressão das mais sinceras condolências aos familiares, amigos e combatentes da liberdade da pátria pelo passamento físico da Lilica Boal", afirmou a deputada Carla Carvalho.
A deputada do Movimento para a Democracia (MpD, poder) Lúcia dos Passos recordou que "Lilica e outras mulheres que estiveram na luta pela libertação deram um contributo valioso a nível da participação política".
"Nós queremos também aqui deixar esse reconhecimento da sua contribuição na emancipação da mulher cabo-verdiana", referiu.
Também a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) Zilda Oliveira, em nome do partido, juntou a voz ao voto de pesar pelo "passamento de uma humanista, historiadora, professora e ativista que lutou pela independência do país".
Lilica tinha sido sujeita a uma intervenção cirúrgica, após uma queda, e estava internada desde 23 de Outubro, acabando por falecer devido a complicações pulmonares.
Entre as funções desempenhadas, destacou-se o trabalho como directora da escola-piloto do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), escolhida por Amílcar Cabral, em 1969, com o objetivo de acolher os filhos e órfãos de quem estava na frente de combate, assim como de preparar os quadros para o pós-independência.
Igualmente prestaram voto de pesar ao escritor e poeta cabo-verdiano Osvaldo Osório, pseudónimo de Osvaldo Alcântara Medina Custódio, que morreu em Outubro, vítima de doença prolongada.
"Há também consenso desse voto de pesar, pelo que a mesa considera aprovado e peço um minuto de silêncio", declarou o presidente da Assembleia Nacional.
A deputada do PAICV Carla Lima lamentou a perda do poeta e escritor, recordando que, apesar de nascer na ilha de São Vicente, "desde a sua juventude adotou a cidade da Praia e contribuiu para o crescimento da cultura, em particular da literatura" em Cabo Verde.
"A sua contribuição ficará para o estudo nas universidades e não só", apontou.
A deputada do MpD Lúcia dos Passos também reconheceu a "humildade deste grande poeta, homem da cultura, da letra, mas também de oração".
"Sabemos que deixou o legado à nação cabo-verdiana que vai perdurar para as várias gerações. A forma como ele escrevia também transmitia valores para as gerações futuras", considerou.
Também a deputada da UCID Zilda Oliveira lembrou que o "senador das letras, como designado numa homenagem em 2022", é um dos "grandes nomes da literatura cabo-verdiana e também combatente da liberdade da pátria".
Nascido em Mindelo, ilha de São Vicente, a 25 de Novembro de 1937, começou como empregado de comércio e funcionário público, antes de se voltar para a política e a escrita.
Também foi aprovado o voto de pesar pelo combatente da liberdade da pátria Júlio de Carvalho, vítima de doença prolongada em Novembro.