“Temos de edificar, temos de construir infra-estruturas altamente resilientes”, recomendou o governante, acrescentando que Cabo Verde “não pode continuar a produzir desperdícios”.
Segundo ele, o País “não pode continuar a produzir infra-estruturas que, em menos de cinco anos, apresentem um nível de degradação que ultrapassa, às vezes, até o conceito de “degradação precoce”.
“Quando projectamos, temos de projectar na perspectiva da durabilidade, perspectiva duradoura”, afirmou o ministro das Infra-estruturas, acrescentando que é “fundamental” que os engenheiros tenham em conta que devem produzir “com mais e mais qualidade”.
O governante fez estas considerações no acto de abertura de um encontro entre os engenheiros dos vários ramos de actividade, para assinalar o Dia do Engenheiro Cabo-verdiano que se assinala este domingo, 04 de Maio.
“Nós construímos para hoje e para o futuro. Somos construtores verdadeiramente da esperança”, sublinhou Victor Coutinho, para quem o País “não pode continuar a fazer infra-estruturas que não respondam aos desafios geracionais e aos desafios futuros”.
Um outro grande desafio, acrescentou, prende-se com a questão do exercício da profissão.
“A diferença do engenheiro está na dimensão do exercício ético da profissão”, realçou Victor Coutinho, referindo-se ao aspecto ético da profissão da engenharia.
Na sua perspectiva, é “fundamental” que o engenheiro seja cada vez mais “engenheiro vinculado e responsável”.
“As pessoas e as instituições acreditam no engenheiro. Tudo o que é feito pelo engenheiro, à partida, é bem aceite e tem reconhecimento social”, indicou o governante, concluindo que, em Cabo Verde, o engenheiro “ainda é uma pessoa muito respeitada”.
A formação de engenheiros que engloba todas as especialidades é, no dizer do governante, um outro desafio com o que Cabo Verde se depara, uma vez que em algumas áreas é notória um “défice enorme”.
“Há áreas que já temos quase que escassez, há áreas que estamos no limite e mesmo a área tradicional, os engenheiros civis, neste momento, registamos com alguma preocupação, alguma carência”, concluiu Victor Coutinho.
Para o ministro, um outro grande desafio que se coloca à engenharia cabo-verdiana é a inteligência artificial.
“É fundamental que a engenharia cabo-verdiana lidere esse processo, é incontornável, é um grande desafio que se coloca a humanidade”, pontuou Victor Coutinho, apelando ao aproveitamento da parte boa da inteligência artificial “para nós concretizarmos nas nossas intervenções enquanto engenheiros”.
Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Carlos Monteiro, em declarações à imprensa, manifestou-se também preocupado com a qualidade das construções que se fazem em Cabo Verde e desafiou o Laboratório da Engenharia Civil e as câmaras municipais, que são responsáveis pelo licenciamento, a acompanharem esta situação.
No encontro da Praia, estiveram presentes também o bastonário da Ordem dos Engenheiros Portugueses e o da Ordem dos Engenheiros Técnicos de Portugal, que assinaram protocolos de cooperação com as suas respectivas congéneres cabo-verdianas.