Oito crianças que estavam no centro de acolhimento da Congregação Reformada dos Adventistas do 7.º Dia de Tendas (CRASDT), foram retiradas hoje de manhã da instituição e acolhidas no Centro de Emergência Infantil, na Praia.
Segundo a coordenadora do Centro de Emergência Infantil (CEI) do Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA), Ana Paula, são seis rapazes e duas raparigas, com idades entre os 07 e os 17 anos.
As crianças foram acolhidas no centro durante a manhã e, de acordo com a coordenadora, aparentam estar bem.
As crianças foram retiradas do centro de acolhimento, localizado no bairro de Ponta D'Água, na capital cabo-verdiana, por elementos da Polícia Judiciária (PJ) e técnicos do ICCA.
A CRASDT está a ser investigada pelo Ministério Público por suspeitas de "tortura e tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos, maus tratos a menor ou incapaz, maus tratos a cônjuge, sequestro, homicídio simples, calúnia e injúria".
As investigações à CRASDT surgiram depois de vários fiéis - incluindo um juiz da comarca da Praia, uma sua irmã que é médica e um procurador da República - terem divulgado publicamente "confissões" com detalhes da sua alegada participação em orgias, práticas de incesto e consumo de álcool e drogas e referências a violência e coacção sobre os fiéis, maus tratos físicos e abusos às crianças do centro de acolhimento.
Tanto o juiz como a médica foram alvo de processos disciplinares e suspensos preventivamente. O juiz anunciou entretanto a sua saída da magistratura e o procurador da República pediu a sua exoneração do cargo.
A conduta do procurador da República será analisada numa reunião do Conselho Superior do Ministério Público convocada para hoje.
As alegações são negadas pelos responsáveis da congregação, mas o líder da igreja, Inácio Cunha, escusou-se até ao momento a falar à comunicação social.