Os Laboratórios Inpharma são uma Parceria Público-Privada bem-sucedida. Foram criados em 1991,contando com a participação da Emprofac,empresa pública; Labsfal, referência da indústria farmacêutica em Portugal; algumas farmácias locais e cerca de 30 acionistas individuais. Em outubro de 93 inauguram sua unidade fabril passando a produzir para Cabo Verde, reduzindo as importações e atingindo neste momento cerca de 35% do mercado de medicamentos. Na primeira década do ano 2000, desenvolveram a sua capacidade no controle de qualidade, investindo num laboratório moderno, acreditado e apostam também na certificação de qualidade dos seus serviços, preparando-se assim para uma internacionalização a partir de 2010.
O financiamento arrecado via Bolsa foi destinado em concreto a que fim(s)?
A internacionalização da empresa exige uma grande notoriedade, portanto a emissão de obrigações através da Bolsa de Valores iria aumentar seguramente a notoriedade da em-presa, pelo caminho da consolidação da sua imagem, necessária para uma eventual entrada em bolsa da Inpharma. Não é de se esquecer que na altura já se falava da privatização da Inpharma e da possibilidade da Inpharma entrar em Bolsa. Por outro lado, este financiamento obtido através da emissão das obrigações permitiu restruturar o passivo financeiro da empresa. Para além do financiamento direto do aumento da capacidade produtiva, também permitiu estruturar todo o passivo financeiro reduzindo os custos financeiros daí advenientes, pois, na altura, através das obrigações,obteve-se taxas muito melhores do que aquilo que o mercado financeiro tinha nesse momento e que a Inpharma tinha nesse momento.
Durante este período vários foram os projetos de investimento da INPHARMA. O projeto de internacionalização da Inpharma contou com o investimento via Bolsa de Valores de Cabo Verde. O que fez a Inpharma neste projeto optar pelo mercado de capitais através da emissão de obrigações?
Nessa altura,a Inpharma via-se confrontada com uma falta de competitividade dos seus produtos devido à introdução dos genéricos e do aumento de custos de fatores. Teve que reformular a sua estratégia sobretudo visando a internacionalização da empresa. Nesse sentido, o financiamento arrecadado via Bolsa de Valores veio alavancar essa estratégia de internacionalização através do investimento no aumento da capacidade produtiva, na capacitação dos quadros e, também, no reforço da sua capacidade aquisitiva de matérias-primas que poderiam, portanto, potenciar essas exportações.
A emissão das obrigações foi feita por via de uma Oferta Pública de Subscrição e foi um sucesso uma vez que a procura foi mais de 3,4 vezes superior à quantidade oferecida. O que considera que esteve por detrás deste sucesso?
O sucesso empresarial alcançado pela Inpharma, traduzido por ganhos dos seus acionistas através da distribuição regular de dividendos pela empresa, pode ter sido um dos grandes trunfos dessa emissão. Também ter as contas auditadas regularmente publicadas serviu seguramente para atrair os investidores. Mais uma inovação na altura,decidiu-se poder reembolsar o capital ao longo do período de maturidade das obrigações, oque reduziu o risco da operação atraindo assim os investidores para essa operação.
Qual o balanço que faz do processo?Como avaliao apoio da Bolsa de Valores de Cabo Verde no processo?
A operação ficou concluída em 2019. O processo correu bem desde a emissão até à sua liquidação! A intervenção da Bolsa de Valores foi essencial porque sendo um produto pouco utilizado pelas empresas cabo-verdianas, o papel da Bolsa na estruturação e na montagem da emissão, permitiu que houvesse sucesso nesta operação.
Qual foi o impacto para a INPHARMA?
Foi extremamente positivo pois permitiu alavancar a estratégia de consolidação e crescimento da empresa, posicionando-a neste momento nas condições ideais para enfrentar novos desafios se continuar a desenvolver quer interna quer externamente.