O júri, onde se incluía o poeta cabo-verdiano José Luiz Tavares, fez o anúncio do novo destinatário dos cem mil euros do prémio durante a tarde de hoje.
Manuel Alegre (n.1936) estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um activo dirigente estudantil, dirigiu o jornal A Briosa e foi redactor da revista Vértice.
Preso político durante a ditadura salazarista, exilado em Argel durante dez anos, os seus dois primeiros livros - Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967) - foram apreendidos pela censura, mas acabaram por se tornar material simbólico da luta pela liberdade com poemas seus cantados pro Zeca Afonso e outros músicos. Só retornaria a Portugal imediatamente após do 25 de Abril.Viria a filiar-se no Partido Socialista, partido pelo qual foi, durante largos anos, deputado nacional. Em 2005 candidatou-se à Presidência da República como independente.
As suas obras estão editadas em várias línguas e granjearam-lhe reconhecimento em Portugal e não só, tendo recebido ao longo dos anos vários prémios literários como foi o caso, no ano passado, o Prémio Vida Literária 2015/2015 da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
Com o Prémio Camões 2017 entregue a Manuel Alegre, Portugal iguala o Brasil no número de escritores distinguidos: 12 laureados para cada um dos países que tutelam o galardão.
A autores dos PALOP, incluídos no regulamento do prémio financiado por Portugal e Brasil, o prémio já coube por cinco vezes, sendo uma delas ao cabo-verdiano Arménio Vieira (2009).