Para marcar os 50 anos da emblemática obra literária de Gabriel Garcia Màrquez, a Livraria Pedro Cardoso convida amantes dos livros para uma tertúlia hoje (dia 13). Joaquim Arena, Fátima Fernandes e Mariana Faria abrem o debate.
A ideia da tertúlia ocorreu ao escritor Joaquim Arena, quando percebeu as várias iniciativas que a nível internacional se estavam a realizar para a assinalar o meio século da primeira edição de “Cem Anos de Solidão”, um dos livros mais lidos e referenciados como preferido pelos amantes dos livros.
A Biblioteca Nacional em parceria com a Embaixada de Espanha também aproveitou a efeméride para promover em Abril passado, por ocasião do Dia do Livro, uma leitura da obra. Segundo a Directora do Livro da BN, Ana Aguiar de Pina, “houve leitura em Português, em Espanhol e em Língua Cabo-verdiana de extractos da obra traduzidos”.
Leitor assíduo e ele próprio grande apreciador desta obra do Prémio Nobel colombiano, Arena terá como companheiras na introdução da conversa as professoras de literatura Fátima Fernandes e Mariana Faria.
“Espero uma conversa informal, onde o público também possa expressar-se sobre o livro, falar sobre como este o marcou, as personagens”, diz Arena que vê este livro como uma alquimia de Gabo (o nome pelo qual o escritor era tratado pelos amigos) onde este conseguiu “transpor de forma hábil e criativa a história e os mitos do seu país e da américa-latina”.
“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo”.
Começa assim o romance que narra a história da fictícia cidade de Macondo e a ascensão e queda de seus fundadores, a família Buendía. Considerado por muitos uma metáfora da condição latino-americana, “Cem Anos de Solidão” teve, segundo o investigador Eric Napomuceno, a sua célebre primeira frase escrita numa terça-feira de 1965, não se conseguindo precisar o dia e o mês certo. Marques tinha então 37 anos e vivia na Cidade do México (onde permaneceu até morrer, em 2014), sendo ainda muito pouco conhecido.
Dezoito meses levou o escritor a concluir o romance que lhe viria a abrir as portas da fama e lhe valer o ónus de ter criado o chamado realismo-mágico. O Prémio Nobel chegaria em 1982 pelo conjunto da sua obra (mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idioma).
“Um dos escritores mais conhecidos a nível mundial, com influência em praticamente todas as literaturas surgidas a partir dos anos 60”, observa Joaquim Arena que espera poder realizar outras tertúlias, com outros autores e outras obras.
A de hoje acontece pelas 18 horas na Livraria Pedro Cardoso, na Fazenda.