“Tema para dois”

PorPaulo Lobo Linhares,17 dez 2017 13:54

Em conversa com uma das vozes da música Cabo-verdiana, Lena França, falávamos de um dos temas mais bonitos dos Tubarões, a morna “Mister di Cretcheu”, o que levou a que ela amavelmente postasse o disco inteiro no Facebook…

Por causa disso, fui logo ouvir o disco inteiro pela enésima vez, e cada vez que o ouço, confirmo que é - o grande disco dos Tubarões e um dos maiores da música Cabo-verdiana.

Falo do enorme disco “Tema para Dois”

Se desmancharmos o disco, é muito provável que fiquemos com 8 “singles” (o numero total das musicas). São temas fortes, alguns sublimes e quase todos fizeram a sua continuidade nas várias gerações e palcos que vieram a seguir.

Começo pelos temas que adjectivei de sublimes. São dois e cada um pela sua razão: “Tema para dois” e “Mister di Cretcheu”.

Se “Tema para Dois”, afirma-se por uma forte criatividade instrumental, “Mister di Cretcheu” é o exemplo da mais pura beleza melódica da nossa Morna.

Em “Tema para dois” a preciosidade instrumental, vai ao máximo para abordar sublimemente o ritmo do “Kolá”. Os trabalhos da guitarra, funde-se com o entrelaçar das teclas e dos sopros para resultar em puro êxtase musical! Ainda completamente actual.

“Mister di Cretcheu”, embala-nos na mais bela melodia, com variações que deliciam e nos envolvem. A letra, sem ser profunda, é a estritamente necessária, para percebermos o mistério que envolve, o que vivenciamos quando nos perdemos pelos caminhos das e dos “kretxeus”….Uma das melhores definições para esta palavra crioula, que por vezes é difícil de explicar…basta descrever a letra que com as varias imagens nela contida, temos todas as respostas para se perceber,” kzé ké um kretxeu”.

Continuando, o disco abre com o ritmado “Cundum Cundum”… e logo a seguir a efervescência de “Noite Tropical”, uma coladeira típica que á imagem de “Mister di Cretcheu”, a força da letra traduz o que se passa quando “no ta dansa (tropicalment) um koladera” …

“Cansera Sem Midida” ainda hoje domina os palcos, clássico de todas as noites de música de Cabo Verde, no país e exterior.

Se a tudo isso ainda juntarmos um tema que se tornou um dos hinos de uma região (…e com um interessantíssimo trabalho instrumental do baixo) – “Somada”, é fácil agora percebermos o porquê de me ter referido a este disco como um dos maiores da música de Cabo Verde.


Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 837 de 13 de Dezembro de 2017. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,17 dez 2017 13:54

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  17 dez 2017 13:54

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