Segundo Jorge Carlos Fonseca, somos obrigados a associar a preservação e promoção da nossa língua, enquanto instrumento de afirmação cultural no país e na diáspora, “com o desenvolvimento e o acesso a outras, com destaque para o português, que possibilitam a assunção plena da nossa vocação de cultura de permutas”.
“As políticas que promovem os debates e os estudos em torno do desenvolvimento e da sistematização da nossa língua materna devem prosseguir com determinação e competência”, avança.
Para o Chefe de Estado, é fundamental que se atribua maior importância ao ensino do português e das outras línguas não maternas, com o objectivo de proporcionar aos cabo-verdianos instrumentos fundamentais à sua inserção num mundo cada mais globalizado e multicultural.
“É importante verificar como cada uma das nove ilhas criou, desenvolveu e enriqueceu a Língua Materna, com o seu próprio falar, a sua visão micro e muito particular da vida e do mundo”, acrescenta.
Por outro lado, o Presidente lembra que este é o ano da candidatura da Morna a Património Imaterial da Humanidade, “estilo musical pelo qual somos e esperamos vir a ser ainda mais conhecidos. E foi através da morna, cujo corpus é feito de língua materna, que nos demos a conhecer, fora das ilhas, graças à pena e inspiração dos nossos poetas”.
“Mas também noutros estilos, como o batuque, a tchabeta, funaná, coladeira, colá, nessa nossa língua atlântica, nas nossas estórias tradicionais contadas no poial das casas, com que nos afirmamos, no dia-a-dia. Mas cabe a nós, seus utilizadores, tudo fazer para garantir a sua perenidade, progresso e difusão, com pragmatismo e sentido das suas reais capacidades, na sociedade cabo-verdiana e não só”, diz também.
Jorge Carlos Fonseca sublinha que estamos a viver num mundo em que se prevê o desaparecimento de metade das sete mil línguas neste século e que não devemos ignorar os desafios que temos pela frente.