A iniciativa da fundação Hugo Israel (HI Foundation) dá continuidade ao propósito de trabalhar com a comunidade e trabalhar a cidadania através da sensibilização e de intervenções artísticas. Mas o conceito da bienal também passa pela proposta de “voltar ao básico”.
“A vida em Boa Vista (Cabo Verde) na pele das crianças. Uma experiência engraçada e anómala na sua vida quotidiana, e que encoraja as relações entre eles e o respeito mútuo. Voltar a ser uma criança. Ver a vida a partir de sua capacidade de ser surpreendido e surpreender com seus traços e cores. A visão da realidade através de uma lupa infantil, fresca e natural, que aumenta sua criatividade e imaginação”, lê-se na nota de apresentação.
Com crianças naturais daquela ilha e crianças oriundas das comunidades ali estabelecidas - Portugal, Itália e China, mas também de outras ilhas do arquipélago - a Bienal de Arte Infantil acontece a céu aberto, tendo as ruas de Sal Rei, Rabil e João Galego como espaço de recolha e de intervenção. Pintura, escultura e fotografia serão as disciplinas a serem abordadas pelos artistas mirins.
Sensibilizada com a poluição que está a afectar a ilha, nomeadamente as praias mais frequentadas pela população residente, a organização pensou a bienal de arte também como uma oportunidade de chamar a atenção para o problema ambiental e ao mesmo tempo educar uma faixa da população que poderá ajudar a fazer a diferença.
O evento tem ainda um propósito mais crítico, declarando ser “imperativo afirmar o posicionamento cultural de Cabo Verde, através das artes visuais, e promover a dinâmica e a intervenção artística/urbanística de geo-referenciação da ilha de Boa Vista”.
“A arte é uma ferramenta, convite a uma conversa, um diálogo que tem como ponto de partida um sentimento, uma intenção. A comunidade está à espera deste estímulo”, diz o criador da HI Foundation, Hugo Israel.
Assim, a expectativa é de que a actividade desperte a atenção do público, gere discussão e exponha a existência de “zonas negras” em Cabo Verde.
Na sua primeira edição, em Novembro 2016, a Bienal de Arte Infantil de Cabo Verde reuniu três dezenas de pequenos criadores e culminou em uma exposição colectiva, performances e intervenções públicas.
“Essa primeira edição destaca-se pela grande participação das crianças, pela grande entrega e motivação das 30 crianças que participaram”, ressalva Hugo Israel, ele próprio artista e performer.
A HI Foundation, que promove actividades de carácter cultural, educativo e social nos domínios da arte e do empreendedorismo social, busca constituir-se como uma agente para a inclusão social e para atenuação de tensões sociais e culturais.
Sem patrocínios institucionais, esta segunda edição da Bienal conta com o apoio da Turttle Foundation e do restaurante Fado Criola.