Reúne o seu” bouquet” de flores e vai oferecendo a flor escolhida, a quem a ouve.
As flores são dos mais variados tipos: das mais clássicas, às mais contemporâneas, das românticas às jocosas. Lá vai caminhando e serenamente convidando, que caminhemos com ela, pelo trilho que nos propõe.
Fala de estórias típicas da terra de onde é natural, dos recados que para ela envia, de amores e lembranças e até de (outros) carnavais longínquos.
A toada da caminhada é constante e “regular”, e vai batendo à porta de vários compositores que lhe vão indicando os tais percursos.
Começa com Amândio Cabral que nos empresta a lindíssima “Mi sem bo Amor” que abre as portas ao mestre do romantismo – Eugénio Tavares que indica o caminho e a beleza chorada de um “Mar di Lua Cheia”.
Kaka Barbosa fala da sua “Bela” …” belinha e bonitinha”...a quem propõe “ki bu petu bira nha morada”.
Mário Lúcio encanta-nos com a felicidade de um “paxon ki passa na mi” no já conceituado tema “Passion”, a qual os músicos de Nancy imprimem uma interessante instrumentação que mistura muito ao de leve vários ritmos num resultado extremamente interessante. O referido compositor fecha ainda o disco com “Sunha Dor” …sonhos, amores e dores…
Referência para as lembranças de Betú…ca(o)ntadas por Nancy.
“Porto Inseguro”, composição da cantora: calma, não “insegura”, e de uma provocadora “sintonia no compasso”.
Teófilo Chantre, pinta um belo quadro de um Cabo Verde quando chove, cheio de odores, cores e flores, dentro da sua sonoridade característica.
De instrumentação clássica, o naipe de músicos consegue a versatilidade de se adaptar aos vários universos que, conforme referido, vão de Eugénio Tavares a Mário Lúcio e Betú de forma encaixada e natural. Na fórmula certa, com marcações e não exageros conforme pede o conceito do disco.
A produção é assinada por Teófilo Chantre onde sobressaem as sábias cordas de Bau e Hernani Almeida.
Nancy continua a sua linha de intérprete vocal por excelência, com lugar cativo na nossa música, que tem nos seus trabalhos o condão de escolher com gosto os compositores a quem recorre e que lhe vão dando muitas manhãs floridas e que a cantora aproveita para nos oferecer muita “Coisa Boa”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 833 de 04 de Abril de 2018.