E foi esse celebrar da música, essa naturalidade e sinceridade com que Djila está na música, reconhecida pelos seus seguidores que foram durante este tempo todo crescendo, que levou o artista a se lançar na aventura dos palcos, primeiro no Sal – sua ilha natal, e posteriormente em outras ilhas.
Após os palcos, o público já pedia um disco. E assim foi. Neste momento grava o seu primeiro disco, a sua primeira aventura, um disco claramente pensado e sentido.
Pensado, pelo modo como as selecções do todo o musical foram feitas. Começamos pela produção musical e direcção artística do mestre Bau, que escolhe para o acompanhar no seu maravilhoso trabalho de violões e cavaquinho, o baixo de Ericson Fonseca e a percussão de Tey Santos. A este naipe juntaram-se ainda três das mais interessantes e experientes coros do nosso cenário musical: Patrícia Silveira, Patrícia Antunes, e Mário Marta. Tudo é finalizado com um brilhante quarteto de violinos dirigido artisticamente pelo pianista do disco – Carlos Matos.
Sentido, não só pela relação que o músico tem com a música, como acima referido, mas também pela carga emocional que Djila deixa transparecer numa mistura de saudade e homenagem, claramente espelhada no disco, ao irmão Ildo Lobo – a quem dedica a linda morna que que abre e dá título ao disco – “Tubarão Solitário”.
O repertório é quase todo ele dedicado à Morna e Coladeira – zona de conforto do artista. Contudo, Djila pisca os olhos ao Samba e à Mazurca.
Em jeito de resume, fica-nos na mente a maturidade deste disco quando o ouvimos, num álbum típico dos grandes: à medida que se vai ouvindo, mais se descobre.
A apresentação oficial do álbum está marcada para o final deste mês no Sal, Boa Vista e São Vicente. No dia 2 de Junho o Auditório da Assembleia Nacional receberá o “Tubarão Solitário” num espectáculo onde a primeira parte será também de ouro, com a música de Bau e Voginha.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 859 de 16 de Maio de 2018.