A história do Jazz foi feita de inúmeros trompetistas. Uns que dominavam a vertente técnica, praticamente perfeitos executantes onde o improviso é obviamente presente …alguns quase perfeitos, e outros que traduziam a sua musicalidade (e também a parte técnica…) por alma, em ambientes musicais mais emotivos, onde a improvisação torna-se menos “dura” e mais sensível.
Porém, outros há que acrescentam algo mais, muito difícil de traduzir por palavras…porém tão fácil de se sentir, vivenciar e sonhar.
Baker foi um dos trompetistas com esta capacidade, apesar de provavelmente ter tido uma primeira parte da carreira mas ligada ao “virtuosismo”.
Para alguns, criou um formato de melodia/sonoridade própri0, que o caracterizava, e o tornava quase único.
Para outros, a sua mais bela característica foi a de misturar as sonoridades mais “cool” que chegavam a sair do Jazz para outras paragens como a Bossa Nova, não como formato musical mas sim como essência ou a tal alma de que tanto falamos.
As notas em Baker são marcadas e quase que atiradas para a frente deixando assim que elas bailem e construam ambientes sonoros quase que oníricos. Poupava notas em prol do tom…do arrastar do som.
Assim como usava o Trompete, também o fazia com a voz. Doce, arrastada e invulgar.
Conheceu o sucesso com a entrada para a formação dos gigantes de então - Charlie Parker e depois com Gerry Mulligan.
Feita de menos sonhos, foi o final da sua vida, envolvido no mundo das drogas.
Contudo, deixou-nos obras de arte musicais como os álbuns: “Chet”, “Jazzland”ou “Chet Baker Sings”.
Ou de 1962 o álbum “Somewhere Over The Rainbow” com os magistrais temas “Over the Rainbow , “These Foolish Things” ou “Well,You Needn’t” do grande Thelonious Monk. Aliás, o repertório do álbum é uma selecção apreciável de compositores, ficando este título para proposta de audição.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 860de 23 de Maio de 2018.