É um evento com história e que anualmente assinala, no Rio de Janeiro, o Dia de África (uma das anteriores edições foi excepcionalmente realizada em Londres). Por lá já passou Mayra Andrade, na primeira edição, em 2009. Desta, coube a vez a Mário Lúcio que, não só foi o anfitrião como também um dos responsáveis pela direcção artística do festival que, segundo a organização, é uma oportunidade de fortalecer “as pontes culturais entre o continente africano, o Brasil e outros países da diáspora africana”.
Com o lema "Juntar o Mundo para celebrar África", na sexta-feira, dia 25, Mário Lúcio recebeu no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro o brasileiro Gilberto Gil, a cantora e tocadora de kora Sona Jobarteh, da Gambia, e também Mariene de Castro, Mart’nália e Natasha Llerena. No palco também as presenças do maestro Letieres Leite, com a Orkestra Rumpillez.
Num texto partilhado na página do festival, o músico cabo-verdiano diz ser o Dia de África “um tributo às vítimas da escravidão, da luta contra o Apartheid, do colonialismo e exploração”. “Celebrando, a gente exerce a gratidão, combate o esquecimento, desafia injustiças”, acrescenta.
O concerto encerrou com todos os artistas em palco interpretando “Tema di Minis” (aka “Dexa Mininus Brinca”, o primeiro single do seu disco mais recente “Funanight”).
No Rio de Janeiro, o antigo ministro da Cultura de Cabo Verde proferiu, na semana anterior, uma Aula Magna no arquivo Histórico Nacional enquadrada nas comemorações dos 130 anos da abolição da escravatura no Brasil.
O músico de Tarrafal esteve também em São Paulo onde, no dia 18, participou de uma conversa à volta do livro “Meu Verbo Cultura” (organizado por Cláudia Sousa Leitão) que reúne uma série artigos, discussões e entrevistas ao jurista, político, escritor, poeta, músico e (na altura) Ministro da Cultura de Cabo Verde.
São Paulo foi também palco de dois shows do concerto "África, Uma Viagem Ancestral", na sala SESC Paulista, nos dias 17 e 18, onde o cabo-verdiano contou com a participação especial do músico paulista Arismar Do Espirito Santo.
“Uma aula de música Africana e sua influência para o mundo, das flautas, batuco corporal, tabanca, funáná até o jazz”, classificou o produtor musical Américo Cordula, apontando ainda que Mario Lucio Sousa “atento e politizado faz uma ligação entre Cabo Verde, que conhecemos pela voz de Cesária Évora e da qual ele herda a continuidade com muito talento”.
Depois de quatro álbuns com os Simentera e cinco a solo, Mário Lúcio lançou no ano passado “Funanight”, um aturado trabalho de pesquisa sobre o Funaná.