Festival TEARTI traz grupos de 7 países do Atlântico

PorChissana Magalhães,20 set 2018 14:30

Coletivo Negro será o representante do Brasil
Coletivo Negro será o representante do Brasil

Na sua segunda edição o Festival Internacional de Teatro do Atlântico (TEARTI), organizado pela companhia Fladu Fla, internacionaliza-se com sete países do atlântico a marcar presença. A cidade da Praia é o palco principal desta iniciativa que quer chegar a outros municípios da ilha de Santiago.

A segunda edição do TEARTI está marcada para acontecer de 19 a 26 de Outubro. Em números, serão oito dias, oito países, 23 grupos, 24 espectáculos e mais de 104 participantes. Cada grupo convidado irá apresentar pelo menos uma peça mas, não está descartada a hipótese de os grupos internacionais se apresentarem em outros três municípios de Santiago: Ribeira Grande, Santa Catarina e Tarrafal.

“ Já contactamos as Câmaras Municipais nesse sentido e agora aguardamos a sua resposta”, diz Sabino Baessa, representante da companhia de teatro Fladu Fla que assume a organização do evento numa parceria com a Direcção Geral das Artes do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e a Direcção da Cultura da Câmara Municipal da Praia, para além do engajamento das representações diplomáticas dos países participantes.

Os grupos internacionais que irão abrilhantar esta edição da mostra teatral vêm de Angola (trupe Tic Tac), do Brasil (Colectivo Negro), de Cuba (companhia Actuar), Espanha participa com o grupo residente em Cabo Verde que volta a apresentar a peça “Viagem de Lua e Areia” (sobre o poeta Garcia Lorca), da Guiné- Bissau vem o grupo Cabaz de Terra, Portugal traz o grémio Chão de Oliva e de São Tomé e Príncipe participam Os Criativos.

O evento teatral será marcado ainda pelo facto inédito de nele irem participar grupos de todas as ilhas habitadas de Cabo Verde. O convite para a edição deste ano foi endereçado e positivamente respondido pelos grupos Juventude em Marcha (Santo Antão), Somá Cambá (São Vicente), Projecto Chiquinho (São Nicolau), Dja d’Sal (Sal), Os Intrometidos (Boa Vista), Pró Morro (Maio), OTACA (Santiago), Sem Nexo (Fogo) e Trapalhões (Brava).

Para além dos espectáculos que acontecem no Auditório Nacional Jorge Barbosa, no auditório do Palácio da Cultura Ildo Lobo e no auditório do Centro Cultural Português da Praia, o programa é rico em ofertas para o público infantil, nomeadamente teatro e “contação” de histórias nas escolas.

As escolas secundárias e universidades também juntam-se ao TEARTI. A Uni-CV, UniPiaget, o Liceu Domingos Ramos, Liceu da Calabaceira, Liceu do Palmarejo e ainda o agrupamento Jovens Pela Paz abrem as portas à realização de workshops.

As oficinas – ministradas por elementos dos grupos convidados – irão incluir exercícios sobre escrita de dramaturgia, exercícios sobre estratégias e metodologias de encenação, sobre concepção da cenografia, figurinos e adereços, definição da sonoplastia e definição do plano da iluminação.

Identidade Cultural do Atlântico

“O que queremos é trazer para o palco cabo-verdiano a identidade cultural de todos os países que fazem parte do corredor atlântico. Para este ano envolvemos apenas sete países mas, a ideia é fazer com que todos os países que integram esse corredor nos tragam a sua identidade para permitir assim que os cabo-verdianos percebam melhor a origem e extensão da sua identidade cultural”, explica Sabino Baessa a propósito do lema da produção deste ano: “"Identidade Cultural do Atlântico".

Conforme o director artístico do festival, a singularidade deste evento é a de promover essa identidade cultural atlântica e por isso a parceria com as representações diplomáticas que, no seu entender, têm também interesse em promover a identidade cultural dos seus países.

Questionado sobre se o cabo-verdiano conhece bem a sua identidade cultural, Baessa responde que existe em Cabo Verde, e sobretudo na cidade da Praia, “uma miscelânea cultural que por vezes torna difícil ao cabo-verdiano compreender qual a sua identidade cultural. E por isso essa iniciativa, onde pretendemos ajudar os cabo-verdianos a fazerem um estudo profundo da sua identidade, como cidadãos de um país no centro do Atlântico”.

A primeira edição do TEARTI – que aconteceu no ano passado e se restringiu a grupos nacionais, e sobretudo locais – foi discreta e com uma tímida afluência de público, facto que Sabino Baessa explica com a concorrência do Fórum Mundial de Desenvolvimento ocorrido na mesma data. Também entende que o teatro é ainda visto como um parente pobre entre as manifestações culturais. Ainda assim, a expectativa é de que este ano haja uma boa participação de público até para contribuir para que o teatro deixe de ser marginalizado.

“Olhando o papel que o teatro tem no processo de elevação do índice de civilização humana e no processo de educação, não só artística mas também de cidadania, com este festival e com a diversidade de manifestações de identidades culturais que vamos pôr em palco, acredito que sim: as pessoas irão entender que o teatro é uma modalidade cultural que deve estar à frente, ou pelo menos em paralelo com outras manifestações artísticas, como a música e a literatura”.

O TEARTI 2018 vai proporcionar aos convidados internacionais visitas guiadas à Cidade Velha, Assomada e Tarrafal, estando ainda por definir se estas cidades irão acolher espectáculos do Festival.

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Autoria:Chissana Magalhães,20 set 2018 14:30

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  21 set 2018 7:35

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