Desta vez é a Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago (CMRGS) que assume a dianteira da iniciativa e anuncia para os dias 28, 29 e 30 de Setembro a realização da primeira edição da “Viagem pela História”, que visa a recriação do ambiente dos séculos XV e XVI em alguns pontos da Cidade Velha.
Em declarações à Inforpress, o presidente da CMRGS, Manuel de Pina explica a pretensão de explorar o potencial turístico do sítio histórico da Cidade da Velha com recurso à cultura e á história.
“Podemos transformar a rua Banana em espaço do século XVI onde aparecem escravos e senhores, numa lógica de atractividade turística”, disse o edil á agência noticiosa à qual avançou ainda a participação neste projecto de experiências como a do sítio histórico de Santa Maria da Feira, em Portugal.
“Como berço da primeira sociedade mestiça crioula, o sítio histórico foi a escolha natural para acolher a “Viagem pela História” que vai proporcionar uma experiência nunca vista em Cabo Verde e reactivar a marca Cidade Velha ao mesmo tempo que congrega toda uma comunidade que pertence ao primeiro e único sítio do arquipélago reconhecido, pela UNESCO, como Património Mundial da Humanidade”, dizia nota do MCIC sobre o projecto em Junho.
O MCIC, autor do projecto e parceiro na sua concretização, deu a conhecer “Viagem pela História” num evento público onde anunciou que o mesmo tinha um orçamento global de 15 mil contos para o qual contava engajar parceiros nacionais e internacionais.
“Viagem pela História vai ser um momento crucial e de viragem para a experiência da história de Ribeira Grande de Santiago”, dizia o ministro Abraão Vicente no evento realizado no Hotel Vulcão com membros das representações diplomáticas entre os convidados.
O ministro avançara ainda o engajamento da população local: “Toda a comunidade de Ribeira Grande vai ser envolvida, todos os bairros vão ter o seu papel reconhecido durante o percurso. Apesar do evento centrar-se no Forte Real de São Filipe, temos uma grande oportunidade de passar a história real de Cidade Velha”, afirmou então.
Na altura revelou-se que nesta sua primeira edição – sob o lema “No berço da crioulização” - a recriação histórica iria abranger três momentos da história de Cabo Verde: a chegada dos missionários jesuítas, o ataque do pirata Jacques Cassard e uma fuga de escravos.
“Cidade Velha irá seguramente impulsionar Cabo Verde no contexto internacional enquanto destino turístico cultural, revigorando o seu papel estratégico dos séculos passados. A Viagem pela História será, portanto, uma viagem ao passado que traz ao presente as memórias do tráfico transatlântico de escravos, o nascimento do homem crioulo e a dimensão da sua identidade cultural”, vaticinou ainda o ministro.
Para coordenar o evento e assumir a preparação artística dos actores e figurantes o MCIC chamou o bailarino e coreógrafo Mano Preto, também funcionário da Direcção Geral das Artes. A este estava previsto juntarem-se o activista cultural Kwamé Gamal e o investigador cultural e griot Gil Moreira mas o Expresso das Ilhas não conseguiu confirmar se a sua participação efectivou-se.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 878 de 26 de Setembro de 2018.