Bem, na verdade apenas um: a vontade de partilhar música. Como se fosse à estante onde tenho os discos, ou as gavetas da minha memória e fosse buscar um disco – o tal, que teria de partilhar, com aqueles que quisessem , sendo assim o (simples) facto de propor o que me agrada, e enche de gratidão.
Pois, hoje acordei a assobiar uma das quatro “estaciones porteñas” – o Verão – de uma das minhas divindades musicais – Astor Piazzolla. Porque? Porque é belo, porque talvez enquanto dormia, “Hipnos” fez com que este tema chegasse até mim , acordando-me de mansinho.
“Cuatro Estaciones Porteñas”, foi a música que o mestre criou para definir as quatro estações do ano.Quatro composições. Quatro Tangos de beleza singular. Quase nos fazem sentir que quando o criador fez as 4 estações climáticas, esqueceu-se de algo…e Piazzolla (…convenhamos que seria injustiça, não fazer aqui referência também às quatro estações de Vivaldi, das quais se defende terem sido inspiradas…discutível, talvez?) preencheu esse pequeno vazio que faltava, musicando-as. E que notável é, quando ouvimos cada um dos temas , na referida estação do ano (…mesmo não estando em Buenos Aires…lugar onde o estado de beleza do momento musical, provavelmente se multiplicará por mil…)
Com cores e sons mais latinos, Piazzolla fez questão de acrescentar a palavra “Porteña”, fazendo assim referência às estações/ambiente de Buenos Aires.
As “Cuatro Estaciones Porte-nas” não foram escritas no mesmo ano, com excepção de “ Inverno” e “Primavera, as duas ultimas. Contudo, depois das quatro, estarem prontas, a música juntou e sequenciou o que foi criado entre 1965 e 1970.
Bem, vamos então à proposta. Fica a edição com a orquestra de “Santa Fé Pro Música Orchestra” e o maestro José Bragato, de 2001.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 889 de 12 de Dezembro de 2018.