Recomendação para ouvir: O compositor, o piano e o momento

PorPaulo Lobo Linhares,3 fev 2019 14:50

​O mundo da música e dos que a amam é recheado de estórias. Dos músicos, dos produtores, de episódios no estúdio, entre outras situações.

Muitas delas são contadas na primeira pessoa, contudo, outras vêem dos companheiros dos grupos, dos jornalistas ou de amigos. Com isso quero dizer que, se muitas são assinadas e certificadas pelo próprio autor/músico, outras não o são. Contudo, para quem conhece os músicos, algumas dessas estórias encaixam na perfeição na personalidade do músico que veneramos …provavelmente por serem compatíveis com o universo musical do nosso ídolo, que tão bem conhecemos por irmos absorvendo tudo o que aparece sobre o mesmo.

Uma delas é uma estória tão bela quanto o disco ao qual esta ligada.

Conta-se que no ano de 1975 uma produtora alemã de 17 anos de idade resolve contratar um pianista já conceituado, para tocar Opera House na Colónia.

Produção em alta, pormenores cuidados, e finalmente o famoso instrumento com o qual o pianista iria tocar um concerto algo improvisado. Fazendo um parêntesis e “contando” outra estória dentro desta consta que este pianista antes do espectáculo fazia questão de passear pelas cidades onde toca, para senti-las. Faz sentido…

A poucas horas do espectáculo, notou-se que o piano que tinha sido requisitado, não era o que estava em palco, sendo este bem inferior. Por puro engano foi colocado um piano de reserva e não o principal. Já não havia tempo para trocar.

A primeira reaçao do pianista foi, obviamente, não fazer o espectáculo.

Imagine-se o que se passou no momento pela cabeça da pequena produtora de 17 anos…

Contudo, aconteceu. O pianista subiu ao palco e tocou…improvisou…num piano que não era o escolhido (mas talvez fosse esse o destinado).

A casa estava cheia e o espectáculo foi um êxito. Mais tarde sai a gravação do disco que passou quase 20 anos nos tops, e que ainda hoje (e sempre!) é um dos incontornáveis da história da música. Para mim, com toda a certeza, um dos discos que faz parte da restrita colecção das obras de arte da música. Um disco de inspiração máxima, que só um génio poderia fazer.

Pois, em 1975 sai o Koln Concert de Keith Jarrett, um dos discos que não consigo descrever por ser tão sublime, e por isso não traduzível por palavras. Para ouvir e sentirmo-nos …

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 896 de 30 de Janeiro de 2019.

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Opera House

Autoria:Paulo Lobo Linhares,3 fev 2019 14:50

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  4 fev 2019 7:19

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