Jardim Pimpão: Obrigadu Txada!

PorExpresso das Ilhas,4 mar 2019 19:04

A “vida” do Jardim Pimpão mistura-se incontornavelmente com o bairro que o viu nascer em 1988: a Achada de Santo António. Juntos, cresceram e evoluíram, viram partir algumas caras e chegar muitas outras. E juntos passaram também muitos carnavais, com a população a acompanhar o sempre aprimorado desfile das crianças do Jardim. Neste Carnaval, a Tia Maria cumpriu uma intenção antiga e, num misto de homenagem e declaração de amor, o tema escolhido foi mesmo: Txada.

“Tinha de fazer este Carnaval!”, conta Maria Rodrigues, mais conhecida por Tia Maria, do Jardim Pimpão. Não há na Achada de Santo António quem não conheça este Jardim, que recebe crianças da creche e pré-escolar. Por aqui já passaram, em muitos casos, duas gerações. Pais que aqui estiveram vêm hoje colocar os seus filhos e reviver memórias de infância. Como a euforia do Carnaval, festa que o Jardim leva muito a sério.

Todos os anos, o tema é escolhido e toda a comunidade de meninos e pais, envolvida. Envolvido é também o bairro, que costuma sair para ver e acompanhar o desfile. Muitos temas foram já concretizados, mas havia um que desde há muito Tia Maria vinha acalentado. Este ano concretizou-se. Achada de Santo António foi o tema escolhido, e o bairro virou desfile de Carnaval.

“O Pimpão nasceu na Achada Santo António, 80% das crianças do Jardim são da ASA e a população da ASA, tem muito, muito carinho pelo Jardim Pimpão. Então queríamos como que dizer ‘obrigado’, mas um obrigado muito profundo, porque estamos aqui graças à Achada Santo António”, explica.

E o bairro virou desfile…

Quase 200 crianças deram então vida a várias entidades simbólicas da Txada. Houve cardumes de peixes, peixeiras, pescadores e mergulhadores, e até ondas do mar. Bairro do Brasil e outras zonas de cariz piscatório e marítimo viram-se assim representadas.

Também as embaixadas presentes na Achada (Portugal, Rússia, China e Espanha) marcaram presença, com várias alas fantasiadas com trajes que, não deixando de ser muito criativos, mantiveram a cultura dessas latitudes.

Sendo este populoso bairro, morada da Assembleia Nacional, também não faltaram os deputados da Nação.

“Temos ainda a polícia, que desde que abrimos portas sempre nos apoiou muito, em tudo. Tínhamos de fazer uma homenagem à polícia. E também ao Centro de Saúde, que está sempre disponível para nós”, enumera Tia Maria.

Os correios foram outro serviço representado. E as telecomunicações não foram esquecidas. Afinal, foi aqui, na zona que ainda é conhecida como Marconi, que funcionaram as primeiras antenas. Ao mesmo tempo, é aqui que ainda se situam as instalações da televisão pública, representada no desfile pela sua origem: a TVEC.

Numa viagem pela história e pelo presente também não podia deixar de marcar presença a música. Afinal, foi aqui que nasceram músicos como Frank Mimita, e foi também aqui que muitos viveram ou actuaram.

O desfile contou ainda com mais uma forma de homenagem, mais personalizada a pessoas que de alguma forma deixaram o seu cunho na Txada. “Acho que é uma inovação. Temos duas porta-bandeiras e nas suas roupas estão impressas fotos” dessas pessoas. Gente de áreas tão diferentes como o comércio (“Manuel dos Anjos começou aqui”), a pesca ( “o senhor Fefe, que fazia botes de pesca), o teatro (Francisco Fragoso, fundador do grupo de teatro Korda Kaoberdi), entre outros.

Infelizmente, considera a tia Maria, nem toda a riqueza e diversidade da Txada pôde ser incluída no desfile. Mas há uma outra coisa que não poderia faltar: a tabanca!

A Tabanca e Maria Reggae

A última ala do desfile foi dedicada a esta, que é das maiores referências da cultura popular da Txada: a tabança. Assim, as crianças vestiram-se com as representações simbólicas da tabanca (como o militar, a noiva), numa homenagem à mesma, onde nem os típicos barcos faltaram.

E esta homenageada, a tabanca de Achada Santo António, alinhou na festa. Tamboreiros, corneteiros e vários outros membros da tabanca, integraram o desfile, e vieram também brincar no Carnaval do Pimpão, partilhando o seu ritmo, alegria e tradição.

O desfile trouxe ainda mais uma surpresa. Maria Reggae, outra personalidade que dispensa apresentações, veio também sambar com as crianças do Pimpão, neste carnaval de homenagem a um bairro que é tão seu.

A tudo isto, juntaram-se várias outras pessoas. A população da Txada, como todos os anos (e simbolicamente ainda mais neste) foi chamada a participar no Carnaval do Jardim, a não ficar de fora. E, como faz há mais de 30 anos, respondeu ao chamado. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,4 mar 2019 19:04

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  5 mar 2019 9:41

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