Dino D’Santiago, Nancy Vieira, Batuku e videomapping na 2ª Semana Cultural Lugares de Globalização

Dino D'Santiago
Dino D'Santiago

Semana Cultural resulta de parceria entre a Vicentina, Direção Regional de Cultura do Algarve, os Municípios de Lagos, Vila do Bispo, Aljezur, Monchique, Silves, Região de Turismo do Algarve e a Associação Cultural LAC, em Portugal.

Dino D’Santiago, Nancy Vieira, a estreia do projecto original Batuko Sta na Moda, a performance cine-musical «Quem manda aqui sou Eu!», de Tiago Pereira e do seu projecto A Música Portuguesa a Gostar dela Própria, videomapping, uma palestra, um showcooking e a inauguração de uma escultura. Este é o resumo da programação da Semana Cultural Lugares de Globalização, que vai decorrer de 5 a 19 de Maio, nos cinco concelhos portugueses que integram a candidatura a Património da Humanidade: Lagos, Vila do Bispo, Monchique, Aljezur e Silves.

"Este ano, a grande aposta é na música e na palavra, com alguns encantos do património associados à gastronomia", explicou Sónia Felicidade, da Vicentina – Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste, que organiza esta Semana Cultural…que na realidade dura quinze dias. Há também, acrescentou, "um lugar associado à candidatura, que em 2019 é Cabo Verde".

E foi mesmo Cabo Verde que esteve em força na sexta-feira, dia 12 de Abril, durante o Seminário Lugares de Globalização, que teve lugar ao longo do dia no Centro Cultural de Vila do Bispo. Falou-se da expansão portuguesa iniciada no século XV, com o Infante D. Henrique, em especial das ligações do Algarve com essa epopeia marítima, e também de Cabo Verde, da sua história, do seu património, da sua música.

A culminar um dia de trabalho intenso, subiu ao palco uma parte da Orquestra de Batukadeiras de Portugal da Associação de Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal, que ainda há pouco gravou com Madonna. E também Darlene Barreto, filha do músico cabo-verdiano Orlando Pantera, que morreu muito jovem, aos 33 anos, e que será uma das figuras em destaque na Semana Cultural.

Por entre muita música, muito batuque, muita emoção, a que se juntaram mesmo duas jovens da comunidade cabo-verdiana de Vila do Bispo, ficou o convite para os tais quase quinze dias de mergulho cultural nos Lugares de Globalização.

O dia 5 de Maio, domingo, marca o arranque, em Lagos, no sul de Portugal, da forte programação, com a exibição do espectáculo em videomapping «Mar Global» na muralha, junto ao antigo cais da ribeira. Este é também o último dia da edição de 2019 do Festival dos Descobrimentos, pelo que, através do «Mar Global», os dois eventos interligam-se. Produzido de propósito no ano passado, para a primeira edição da Semana Cultural Lugares de Globalização, desta vez, o videomapping vai ser exibido em quatro sessões, de meia em meia hora, das 21h00 às 22h30.

A Região de Turismo do Algarve, explicou Sónia Felicidade, financia a reposição destes filmes que, no caso de Lagos, partem de «uma frase do filósofo Agostinho da Silva, que via Lagos como um cais de partida, que comparou ao Cabo Canaveral». As exibições na muralha da cidade são ao ar livre, com entrada também livre.

Dez dias depois, a 15 de Maio, às 18h30, começa verdadeiramente a Semana Cultural. «Voltamos a Lagos, para um concerto que pode levar ao questionamento sobre o legado de Orlando Pantera», um cometa que passou na música de Cabo Verde, deixando uma marca indelével.

Orlando Pantera, que compôs músicas para grupos como «Os Tubarões» e influenciou toda uma nova geração de músicos e cantores de Cabo Verde (como Mayra Andrade ou Lura), conseguiu «juntar a tradição à contemporaneidade».

Quando a associação Vicentina começou a preparar esta Semana Cultural, escolhendo Cabo Verde como o lugar em destaque, falou com Dino D’Santiago, o músico algarvio de origem cabo-verdiana que ainda há poucos dias ganhou quase tudo o que havia para ganhar na primeira edição dos Prémios Play. «Foi o Dino que nos referiu o Orlando Pantera», e foi a partir daí, com a colaboração do produtor algarvio Sickonce, que começou o trabalho original que há-de desembocar, a 15 de Maio, nesse concerto, também ao ar livre e de entrada gratuita, na Praça do Infante, em Lagos.

A filha do músico, Darlene Barreto, que também participa no concerto, esteve com o seu tio na sessão final do seminário em Vila do Bispo, para revelar que há todo um projeto em andamento para recordar e recuperar o legado de Orlando Pantera, que morreu inesperadamente aos 33 anos. Darlene falou pela primeira vez, em público e com muita emoção, do seu pai e até cantou algumas das suas músicas mais conhecidas.

«Orlando Pantera é hoje quase um mito. Ele desenterrou géneros musicais da Ilha de Santiago que eram pouco conhecidos, como o batuku. Dezoito anos depois do desaparecimento deste grande artista, teremos este concerto de fusão, onde os artistas estão a colocar muito de si», explicou, por seu lado, Sónia Felicidade.

Darlene Barreto, filha de Orlando Pantera, recordando o pai em Vila do Bispo
Darlene Barreto, filha de Orlando Pantera, recordando o pai em Vila do Bispo

No dia 16 de Maio, sem tempo para respirar, a Semana Cultural segue para Monchique, cuja floresta deu a madeira para construir os navios dessa primeira globalização. O programa começa às 15h00, com a palestra «As Árvores são Património», com o arqueólogo Miguel Martins, que tem estado precisamente a investigar, para a sua tese de doutoramento, a ligação entre a construção naval e as florestas no reconhecimento do Atlântico sul.

Depois, às 17h00, na vila de Monchique, terá lugar a inauguração da escultura «Árvore Monumental», uma encomenda feita de propósito para esta Semana Cultural.

«Em cada edição, queremos deixar uma obra artística pública num dos concelhos. No ano passado, foi um mural da Kruella d’Enfer em Vila do Bispo, este ano convidámos a jovem escultora Rita Pereira, que está a fazer um escultura pública em pedra, inspirada num marco de Monchique, que é a sua araucária monumental, com 150 anos», revelou Sónia Felicidade.

À noite, a programação desce um pouco a serra, para se instalar na Villa Termal das Caldas de Monchique, que se associou e até apresentará, no seu restaurante, «um prato cabo-verdiano para comer antes do espectáculo».

E que espetáculo será esse? Nancy Vieira vai trazer as suas mornas (género musical que também é candidato a Património Imaterial da Humanidade) para um concerto às 21h30, entre a floresta das Caldas de Monchique. Mais uma vez, a entrada é livre e gratuita.

Logo no dia seguinte, 17 de Maio, a Semana Cultural regressa a Sagres. «Do Algarve aos Açores, a viagem dos Sabores» é o tema do showcooking na Fortaleza de Sagres, com o chefe André Magalhães, às 19h30.

Depois, a partir das 21h30 e até às 23h00, de meia em meia hora, haverá quatro apresentações do espetáculo em videomapping feito de propósito para ser visto nos 80 metros de muralha da Fortaleza de Sagres.

Videomapping na Fortaleza de Sagres
Videomapping na Fortaleza de Sagres

A 18 de Maio, chega a vez de Silves e logo com uma proposta irrecusável: Dino D’Santiago vai dar um concerto intimista e quase exclusivo para os 150 felizardos que conseguirem inscrever-se. Será às 21h30, no pequeno, mas muito bonito, Teatro Mascarenhas Gregório.

Todos os concertos, palestras e outras iniciativas da Semana Cultural Lugares de Globalização têm entrada gratuita, embora por vezes, por questões de espaço, seja necessária inscrição prévia, que deve ser feita clicando aqui (mas só quando as inscrições começarem). É o caso do palestra «As Árvores são Património» (16 de Maio), do showcooking «Do Algarve aos Açores, a Viagem dos Sabores (17) e do concerto de Dino D’Santiago (18). Para garantir o seu lugar, inscreva-se gratuitamente.

A Semana Cultural Lugares de Globalização resulta de uma parceria constituída pela Vicentina – Associação para o Desenvolvimento do Sudoeste, Direção Regional de Cultura do Algarve, os Municípios de Lagos, Vila do Bispo, Aljezur, Monchique, Silves e a Região de Turismo do Algarve e a Associação Cultural LAC.

Esta será a segunda edição de um evento que volta a apresentar programação cultural que vai passar por Lagos, Vila do Bispo, Aljezur, Silves e Monchique, os cinco concelhos do Algarve que integram a candidatura «Lugares da Globalização», inscrita na lista indicativa dos bens da UNESCO.

Uma edição que terá Cabo Verde como o Lugar em Destaque, já que este é um dos países que fazem parte dos “lugares repartidos, por cinco países – Portugal, Espanha, Cabo Verde, Marrocos e Mauritânia” que “fazem parte da memória universal associada ao imaginário de importantes mudanças históricas”, e que “no seu conjunto representam um património único no contexto mundial enquanto marcos do início do que viria a ser uma nova era para a Humanidade”.

Conteúdo publicado em parceria com o Sul Informação.

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Autoria:Elisabete Rodrigues, Sul Informação,19 abr 2019 15:59

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 jan 2020 23:21

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