A quarta edição da residência artística Catchupa Factory – Novos Fotógrafos vai decorrer de 30 de Maio a 20 de Junho, em São Vicente, e terá a participação de sete fotógrafos dos PALOP, dois dos quais cabo-verdianos.
Desde 2017 o Catchupa Factory abriu-se à participação de fotógrafos dos PALOP. David Aguacheiro (Moçambique), Emídio Jozine (Moçambique), Geraldo Alexandre (Angola), Indira Mateta (Angola), Nuno de Pina (Cabo Verde), Odair Monteiro (Cabo Verde) e Vladimir Sousa (Moçambique) foram os candidatos seleccionados na sequência do open call da edição de 2019, que decorreu até 27 de Março.
O júri deste ano era composto pelo fotógrafo Diogo Bento, da Associação AOJE e mentor da iniciativa, Rita Rainho, designer e docente no M-EIA, Paula Nascimento, arquiteta e curadora, e John Fleetwood, fotógrafo e mentor do evento em 2017, e Michelle Loukidis.
A fotógrafa residente em Joanesburgo iniciou a sua carreira como fotógrafa de casamentos, percurso que seguiu durante 10 anos. Depois, e por cerca de 15 anos, treinou e orientou jovens fotógrafos no Market Photo Workshop. Cabo Verde e Sudão foram dois países do continente onde ela também orientou workshops para fotógrafos em início de carreira.
Com várias exposições individuais e colectivas no currículo Loukidis também participou da primeira série Everard Read Photographic Mesh (2018), que teve como objetivo familiarizar o público com práticas fotográficas críticas.
Também experiente em fotografia para o cinema, Michelle Loukidis ministra actualmente um curso de fotografia analógica na Wits School of Arts em Joanesburgo.
Residência artística
A iniciativa Catchupa Factory – Novos Fotógrafos é um programa de formação e criação artística em formato de residência artística, dirigido a fotógrafos e artistas emergentes dos PALOP.
Durante duas semanas de trabalho intensivo, os participantes serão orientados na concepção e criação de um projecto fotográfico, sendo privilegiada a construção de uma estrutura narrativa.
O trabalho de campo, pesquisa e experimentação será acompanhado por sessões teóricas em torno de questões críticas relacionadas com a fotografia contemporânea africana. Será dado também destaque ao desenvolvimento de competências ao nível da comunicação e do projecto fotográfico.
A primeira edição do Catchupa Factory teve lugar em Maio de 2016, tendo na altura o formato de oficinas de fotografia. Em 2017, a segunda edição já evoluíra para uma residência artística com 12 participantes (1 de Angola, 7 de Cabo Verde, 2 de Moçambique e 2 de São Tomé e Príncipe) com mentoria de John Fleetwood.
A Gulbenkian, que apoiou desde o início esta iniciativa, através da curadoria do seu museu seleccionou três de entre os 12 participantes para um programa de estágios de aperfeiçoamento profissional em instituições culturais e artísticas africanas de renome.
Nos projectos da Catchupa Factory consta a intenção de realizar exposições internacionais com os participantes que desenvolverem os portefólios mais ricos na sequência da residência artística.
Organizada pela Associação Olho de Gente (Cabo Verde), a Catchupa Factory surge na sequência das duas primeiras edições do Festival Internacional de Fotografia de Cabo Verde, também iniciativa da AOJE.
A Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do concurso trianual de Apoio à Realização de Residências Artísticas nos PALOP, e o Ministério de Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, através do Edital de Apoio à Criação Artística apoiam esta iniciativa.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 912 de 22 de Maio de 2019.