Recomendação para ouvir: Pub Tex, o palco de uma geração

PorPaulo Lobo Linhares,3 jun 2019 7:05

Numa das minhas crónicas referi-me aos espaços que se tornam palcos e musicam o nosso Plateau.

De forma inevitável, veio-me à memória um espaço fundamental para a nossa música. Numa das crónicas anteriores já tinha feito referência. Refiro-me ao espaço musical “Tex” (de nome “oficial” Pub Cruzero, por se situar perto desta zona do Plateau) que tanto ensinou ao pessoal da minha geração, ou se preferirmos, a todos. Desde os espectáculos ao vivo, até à enorme colecção de discos que lá havia, o nosso contacto com a música era uma constante. E como aprendíamos…

Dos discos, lembro-me da sensação que tive, quando pela primeira vez tive contacto com a enorme colecção, que o responsável pelo espaço tinha trazido dos E.U.A. Deleite, curiosidade e entrega! Várias foram as tardes que o nosso grupo de amigos passou a ouvir tudo o que estava à nossa disposição…para que à noite, ouvíssemos ainda mais…e mais.

De forma insaciável, aprendíamos a ouvir música, coisa que provavelmente faltará, nos dias de hoje e até quem sabe…às gerações que se seguiram à nossa.

E, eis que chegava a noite. Esta trazia-nos mais música, muito palco, inúmeras “Jams Sessions” (e que reais eram) e o mais importante: o falar a música, discuti-la e, acabar descontraidamente a ouvir mais discos.

Enquanto isso, das apresentações ao vivo, mostravam-se grupos como, por exemplo, os “Ayan”, absolutamente históricos na inovação de uma época da nossa música. Mais tarde, tornar-se-iam a banda suporte do enorme Pantera.

De recordar que este e outros grupos de então viriam a fazer parte dos grupos escolhidos para uma compilação discográfica, com o mesmo nome, já aqui escolhida para “audição”.

Lembro-me das inesquecíveis “Jams” de outro acontecimento marcante – o “Fesquintal de Jazz”, que embalou a nossa cidade, por músicos nacionais e internacionais, de inquestionável renome, durante 20 dias, em três palcos: Av. Amílcar Cabral, Quintal da Musica e Forte da Cidade Velha. Após os espetáculos do Festival, todos os músicos reuniam-se no “Tex”, e o mundo resumia-se às quatro paredes do espaço, que transpiravam música.

E assim foi. Uma década de intenso convívio com esta forma de arte, que tanto nos encanta.

As preciosas recordações ficarão bem guardadas, nas prateleiras dos nossos discos, ou outras que só terão lugar, nas nossas memórias.

Vários são os músicos, os grupos, e os discos que vão fazendo a banda sonora desta década. Uns já aqui referidos, outros que virão a ser, todos numa só inesquecível e tranquila reminiscência.

Obrigado Delfim, por nos teres proporcionado tanto. E foi mesmo muito.

Que apareçam mais e mais espaços idênticos, sobretudo em alma…

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 913 de 29 de Maio de 2019. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,3 jun 2019 7:05

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  1 mar 2020 23:21

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