A música educa. É uma forma de linguagem.
Indo mais longe, é uma forma de expressão do pensamento.
Saindo um pouco do âmbito mais “académico”, e direcionando-me para a área mais “artística”, os ganhos são também grandes, desde que usada com critérios, conceitos e conhecimento.
Há duas semanas vi a actuação do grupo Afroband e tudo o que deixei registado no parágrafo anterior estava retratado … não em livros e teses, mas sim num palco onde se contavam estórias, abraçava-se a história, numa alegria constante e natural.
Celebrava-se a música no seu mais amplo sentido.
Kwame Gamal, mentor e líder do grupo, foi desde sempre um apaixonado pela música. De ouvinte descomprometido, percorreu caminhos e estradas e definitivamente comprometeu-se com a música, num precioso processo educativo, artístico e sobretudo de partilha.
Defendo que não há outra forma de ver a música sem que haja uma dose enorme de partilha. Gamal e a obra que tem levado a cabo vai-se tornando figura de proa deste ideal.
A partilha e o investimento na música (bem como em outras formas de arte, na educação) é bandeira que foi sempre sabiamente desfraldada por Gamal. Um dos muitos resultados concretos é demostrado na paixão pela música que o filho e baterista da banda, Zumbi, transpira. Gamal foi com certeza um dos obreiros dessa aproximação.
Para além da partilha, ainda acredito num outro elemento-chave que se quer de mãos dadas com a música. Os seus protectores. A estes, é atribuída a função de protecção da música. Estar com ela, ajudando-a na sua mais bela caminhada: aquela que é regida pelo coração.
Gamal é com certeza um destes protectores.
Assim, não mais nos resta que Kwame continue com os seus projectos, sua música e arte, e sobretudo o “seu acreditar”.
Nós agradecemos.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 917 de 26 de Junho de 2019.