Zaida Sanches lança colectânea que promove um mundo melhor

PorSara Almeida,20 jul 2019 9:48

“O Planeta Mágico”, “O Planeta Azul”, e “Sou Diferente” são três contos, da autoria de Zaida Sanches, que abordam temas da agenda global, promovendo os Direitos Humanos, Ambiente e Diversidade. Numa colectânea cheia de peripécias, mensagens estruturantes são passadas aos pequenos cidadãos, muitas vezes com recurso a analogias, por personagens bem emblemáticas. Para ler dos 6 aos 100, por todos os que sonham um mundo melhor.

As mensagens vão-se desdobrando. Cada direito ou preocupação engloba outros e todos estão interligados. Foi esta relação de interdependência e complementaridade que levou a escritora Zaida Sanches a reunir os três livros, independentes, numa colectânea que trata questões globais e valores que devem ser trabalhados em conjunto.

“Vivemos num mundo em que há vários problemas. O ambiente, por exemplo, está a sofrer. O jurista Karel Vasak o enquadra na “terceira geração dos Direitos humanos”. O ambiente é visto como parte dos direitos humanos. O Planeta é a casa que nos acolhe e ela precisa estar bem para que possamos ter uma vida digna.

“Uma convivência digna, uma vida harmónica, fraterna”, que só é possível num ambiente saudável, é transversal a todos os contos, explica a autora, Zaida Sanches.

Mas, como referido, os contos são três estórias independentes, abordando com um olhar que se pretende ser também educativo, essa promoção de um mundo melhor. Vejamos as estórias:

“O Planeta Mágico”

“A ideia de O Planeta Mágico é promover a Carta Universal dos Direitos Humanos”, resume a autora. “É dar às crianças, desde pequenas, essa noção de que já nascem com garantias e Direitos”.

A estória fala de um pombo-correio que distribuía cartas de amor pelo mundo, e nas suas longas viagens pelos continentes constata inúmeras violações de Direitos e decide também entregar Cartas dos Direitos Humanos. “Os Humanos não conhecem a Carta que lhes dá todos os direitos?”. E devem conhecê-la!

Assim, imbui-se da missão de promover a Carta por todos os continentes.

O livro acompanha então o pombo nessas viagens, mostrando um pouco de vários países do mundo, dos monumentos às pessoas. São levantadas questões fundamentais como “as pessoas são felizes? Têm acesso à escola? Têm liberdade de expressão?”

Liberdade é aliás um conceito muito vincado no livro, “personificado” aqui por uma borboleta que o pombo conhece numa ilha. E mais do que liberdade, a borboleta é o símbolo do potencial de transformação que cada um traz consigo.

“Esta parte da transformação é trabalhada para que se entenda que para respeitarmos o outro não temos que ir buscar nada lá fora, está tudo cá dentro de nós. Temos é de fazer opções certas, entre o bem e o mal”. Se cada um, em cada parte do mundo der o melhor de si, todos vão construindo um mundo de paz, tolerância, amor…

“O Planeta Azul”

Os problemas ambientais são abordados neste conto, que narra a estória de um casal, a Senhora Água e o Senhor Ar. Juntos formam o casal H2O, que tem sofrido com a poluição, a desertificação, o desperdício de água e outras acções que têm prejudicado o Planeta Azul. Ao longo da história, o casal, que era feliz, vai ficando cada vez mais doente e vai ao médico. Há solução? Há. E está nas mãos de todos nós fazer com que o nosso planeta continue saudável e a senhora água possa “continuar a ser a fonte de vida que nos sustenta”.

“Sou Diferente”

“Sou Diferente” fala de um livro redondo que um dia chega a uma biblioteca, onde todos os outros livros têm formato quadrado ou rectangular. Entre estes formatos havia uma cumplicidade, um tipo ideal subtilmente definido, uma identificação prévia. Já o redondo assim como todos os outros livros tinha a sua mensagem específica, mas o seu formato era único. Era uma minoria…

“Mas, não é só a questão da minoria que quero que seja analisada”, sublinha Zaida Sanches. Olhando os factos, “a mulher, por exemplo, não é minoria, a pobreza não tem índice baixo, mas esta condição e situações são trabalhadas a favor, pelos grupos que dominam” e por vezes grupos compostos por efectivas maiorias acabam por ser marginalizados.

Além disso, há a questão da diferença (como a deste livro redondo num universo de quadrados e rectângulos), que provoca estranheza, de uma forma que pode “ser positiva ou negativa”.

No caso do protagonista deste conto, por ser diferente, novo e muito requisitado, o livro redondo acaba por ser posto de lado e alvo de bullying… até que…

Bom. Sem adiantar muito, passa-se aqui a mensagem de que cada um, no meio de uma multidão (biblioteca) é único e quem tenta mudar-se, para se tornar outra coisa que não é, acaba por perder uma parte de si. Ao mesmo tempo, exorta-se a não olhar a pessoa (livro) apenas pelo aspecto (capa/ formato).

Quadrado, rectângulo, círculo

A colectânea Direitos Humanos, Ambiente e Diversidade surge após um interregno de 10 anos, na edição de livros infanto-juvenis. Mas Zaida Sanches, desde que em 2009 lançou a colecção Stera de quatro contos, na qual resgatava aspectos da cultura cabo-verdiana, não parou nunca de escrever. Primeiro o “Planeta Mágico”, depois o “Planeta Azul” e por fim o “Sou Diferente”. Aliás, esta história que trata a questão da diferença e da multiculturalidade já estava há algum tempo a formar-se na menta da autora. Mas foi após uma visita a uma escola em Portugal, no âmbito da experiência bilingue, que a sua finalização ganhou impulso.

“Vi que havia necessidade de trabalhar esta temática”, destaca Zaida Sanches.

Assim, quando o último desta trilogia (“Sou Diferente”) ficou pronto, finalizada estava pois a colectânea, cujo lançamento ocorreu na semana passada na Praia.

Quanto à parte formal e gráfica, de grande importância na literatura infanto-juvenil, cada livro desta colectânea tem um formato diferente, uma forma concebida no sentido de, por si só, promover a reflexão sobre a diversidade. Um é rectangular, outro quadrado e outro ainda redondo. As ilustrações desta colectânea foram realizadas poe uma equipa liderada por Mário Tavares (autor das histórias do Lobu ku Chibinhu) e constituída por Merly Tavares, Jerson Varela, Nilson Fernandes.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 920 de 17 de Julho de 2019. 

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Autoria:Sara Almeida,20 jul 2019 9:48

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  20 jul 2019 16:13

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