Um cartaz que celebrou a música africana, promovendo-a e procurando novas dimensões para a mesma, e que juntou nomes da música marroquina como Nabyla Maan, Othman El Kheloufi e o grupo Gnawa d’Assila.
Ainda o conceituado percussionista Dudu Kouaté do Mali, o angolano Chalo Correia e o nosso Simentera, que tão bem soube representar a nossa música.
Escrever sobre este festival seria difícil no espaço desta crónica, pelo que escolhi um dos músicos do festival, sem razões que se liguem à prestação de cada grupo. Sim, Chalo Correia fazia parte do cartaz, mas aqui abordo o Chalo que aprendi a ver em Cabo Verde, segui em Lisboa e vi durante o Festival Si La Musique.
Chalo escolheu o universo dos ritmos angolanos, puros, genuínos, onde explora com elevação cada um deles de forma genuína.
O conforto de Chalo no género musical referido é visível e salta à vista de quem com ele se cruza.
Contagiante, convida todos a entrar na “Viagem do Semba”, onde o único requisito será o amor pela música. Sim, Chalo não tem estratégias de palco para atrair o público – isso acontece exactamente por ser naturalmente genuíno.
Brinca com os temas, com perícia e respeito pela raiz. Entra por eles a dentro e, com o seu violão-companheiro e a sua harmónica, tudo se torna ritmo e boa disposição.
Nem só de técnica e paixão musical se faz um músico. Sempre o defendi: importante também é a sua componente humana. Pois … aqui Chalo de novo nos oferece boas energias: um coração sempre disposto a se relacionar com todos, na base da amizade.
Deixo hoje como proposta, o último trabalho de Chalo Correia – o CD Akwa Messeke.
Para ouvir, sonhar e dançar…caso queiram.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 920 de 17 de Julho de 2019.