Continuaram as conversas tidas em outros encontros musicais, até que finalmente o contrabaixista Charlie Haden e o guitarrista Pat Metheny levaram adiante o tão arquitectado encontro.
Nasce então o álbum “Beyond the Missouri Sky”, que sai pela conceituada label “Verve”.
Lembro-me claramente da primeira vez que ouvi o disco. Já no final do dia, ao cair da noite, chegava cansado a casa, e pus o disco. Encostado a uma almofada, logo nas primeiras notas começava a viajar com o disco. Sem dar por mim, os cenários que iam se formando à minha frente, ilustrados pela sonoridade vinda das notas e sobretudo pelas melodias criadas por Haden e Metheny envolviam-me num tipo de calma com sensações cinematográficas…e tantos cenários iam se formando!...
Metheny está (também) bastante ligado às sonoridades eléctricas, mas aqui o acústico deste guitarrista ao sublime contrabaixo de Haden. Então tudo é compartilhado, tudo é imaginário…tudo é lírico.
As cordas de Metheny quase que se fundem com as do contrabaixo de Haden, e tudo passa a ser paz… pureza (referindo-me aqui à não introdução de artifícios técnicos…apesar de um ou outro apontamento mais sintetizado) e paz…muita paz musical.
O clássico tema “Cinema Paradiso“ ou o grande “Spiritual”, composto pelo filho de Haden – Joshua Haden – líder de um enorme projecto que proponho vivamente, chamado – “Spain” tornam este disco num manancial emocional enorme.
Usando o título do tema que Joshua Haden traz para o disco – estamos claramente perante um disco emocional que tocará qualquer coração.
Um disco para viagens …ou se preferirmos para viajar.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 923 de 7 de Agosto de 2019.