Investigadora e Intelectual de nomeada, foi uma das primeiras, senão a primeira mulher cabo-verdiana a debruçar-se sobre o Crioulo, defendendo em 1958, como trabalho de fim de curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a tese Cabo Verde: contribuição para o estudo do dialecto falado no seu arquipélago, publicado pela Junta de Investigações do Ultramar, Centro de Estudos Politicos e Sociais, Lisboa, 1961.
Cabo Verde: contribuição para o estudo do dialecto falado no seu arquipélago
A anteceder Dulce Almada, só Baltasar Lopes da Silva (São Nicolau, 1907 – 1989) tinha realizado um estudo de linguística científica sobre o crioulo de Cabo Verde, de que resultou a publicação O Dialecto Crioulo de Cabo Verde, editado pela Junta das Missões Geográficas e de Investigações do Ultramar, Centro de Estudos Políticos e Sociais, Lisboa, 1957.
De regresso a Cabo Verde, Dulce Almada foi professora de Português, Francês e Literatura Portuguesa no então Liceu Gil Eanes. Aderiu à luta para a independência de Cabo Verde e em 1963 foi enviada pelo PAIGC para Argel. Foi Combatente de Liberdade da Pátria.
Após a independência, Dulce Almada trabalhou em diferentes departamentos governamentais tendo sido Directora de Gabinete de Estudos, Directora do Património Cultural e Directora-Geral da Cultura no Ministério da Educação e Cultura. De 1988 a 1990 foi docente de História e Cultura Cabo-verdianas na então Escola de Formação de Professores do Ensino Secundário.
Bilinguismo ou Diglossia?
Concentrando-se na sua disciplina original em língua românica e linguística, Dulce Almada participou e apresentou inúmeras comunicações em congressos, colóquios, encontros e mesas redondas em Cabo Verde, Brasil, Egipto, Senegal, França Guiné-Bissau, Cuba, Índia e Coreia.
Reuniu no livro Bilinguismo ou Diglossia?, publicado em 1998, alguns dos seus principais ensaios, elaborados entre 1977 e 1994, designadamente, “Em Cabo Verde, a vida decorre em Crioulo”, “Crioulo de Cabo Verde: sua génese, sua evolução”, “A problemática da utilização das línguas nacionais: língua, nação identidade cultural”, “A história de escrita em Cabo Verde”, “Uma nova pedagogia do ensino do português”, “Ensino e aprendizagem do crioulo, língua materna”.
Uma homenagem e um preito de gratidão à Dra. Dulce Almada Duarte.
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 925 de 21 de Agosto de 2019.