Ricardo da Luz, 26 anos, adquiriu o gosto pelos livros aos 15 anos, após a irmã lhe indicar o livro “O diário da nossa paixão” de Nicholas Sparks. Desde então, segundo conta Ricardo, passou a ler cada vez mais, em particular livros de ficção, aventura e também livros de carácter motivacional. Apesar do fascínio pela literatura, o jovem confessa que hoje em dia dedica-se mais às tecnologias apesar de usar o telemóvel também para ler.
Para Ricardo da Luz, a leitura “é uma forma, muito fixe, de contar uma história ”.
“Suscita-me muita imaginação além de me fazer conhecer palavras”, argumenta. Mas, nem todos os jovens são como o Ricardo que usa a tecnologia, também para se dedicar à leitura.
“Hoje em dia os jovens não se interessam pela leitura. Coisas estáticas não são interessantes e quando eu falo em coisas estáticas refiro-me a letras e textos”, completa o jovem universitário.
Contraditoriamente, Cleidir da Rosa, 22 anos, lê cada vez mais mensagens de texto e redes sociais, ao mesmo tempo que a leitura de livros, sejam eles digitais ou físicos, é reduzida ou praticamente nula. O jovem estudante de Ciências de Comunicação admite que despende muito mais tempo com as tecnologias do que com os livros.
Conforme relata, o facto de não possuir o hábito de leitura torna mais difícil dedicar-se aos livros, quando necessário.
“Por isso, ler, eu leio, quando é obrigatório, ou seja. apenas livros académicos”, declara.
Quando se trata de textos longos ou complexos, ainda que na Internet, Cleidir da Rosa descarta-os, pois considera “a leitura desgastante”. E no caso dos livros “muitas páginas fazem-me perder a paciência”, afirma o jovem.
Carolina de Pina, 24 anos, apesar de gostar de livros afirma que se tornou menos tolerante com textos que ocupam muito espaço, longos e que não “vão directamente ao ponto”.
“Fico o dia todo ao telemóvel sem notar o tempo passa e para ler um livro levo um mês”, garante a universitária. Para Carolina, ler um livro tornou-se desgastante e por isso lê cada vez menos.
“Ao deparar-me com páginas e mais páginas fico desanimada. Actualmente, gosto mais de imagens do que letras pois prendem muito mais a minha atenção”, diz.
Carolina conta ainda que tem dedicado cada vez mais tempo ao telemóvel e a electrónicos em geral, pela diversidade de actividades que pode fazer ao mesmo tempo, como por exemplo, conversar com alguém na Wahtsapp e, ao mesmo tempo, assistir um vídeo no Youtube.
“ O acesso, via wifi ou 3G, a qualquer hora e lugar diminui a minha atenção aos livros, voltando-me totalmente para as redes sociais”, afirma.
Em 2011, um estudo feito pela National Literacy Trust, revelou que a possibilidade de os adolescentes com idade compreendida entre os 14 e os 16 anos ler um livro em detrimento do uso do computador é 10 vezes menos do que entre os mais novos. De acordo com a pesquisa, fora da escola as crianças estão mais susceptíveis a navegar na internet ou enviar mensagens aos amigos do que ler obras literárias.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 947 de 22 de Janeiro de 2020.