Djavan – música e orquídeas… em Vesúvio

PorPaulo Lobo Linhares,10 fev 2020 6:11

E tudo começou, quando o miudinho de 5 anos acompanhava a mãe e suas colegas para a beira do rio onde lavavam roupa, e para colorir o tempo, cantavam. Sempre muito atento, o miudinho viria a reconhecer que este terá sido o seu primeiro contacto com o que viria a ser a sua grande paixão: a música. Brota assim alguém que mais tarde passa a fazer parte da história da música brasileira: Djavan

Quase que uma outra “arte” – o futebol – o roubava da música, mas após insistência da mãe e a influência de várias sessões de audições musicais com o colega Márcio…a música ganhou.

Após participar em vários shows, e já ter construído um espólio considerável de canções, o músico procura a “terra dos sonhos musicais de então”: Rio de Janeiro.

Começa nas mais variadas casas e nos mais diferentes palcos. Percorre todo esse caminho, que o viria a recompensar com uma das maiores características da sua música – a sua versatilidade.

Continua compondo e nos finais dos anos 70 grava seu primeiro disco: “A voz, o violão, a música de Djavan”. Segundo a crítica “um disco de samba sacudido, sincopado e diferente de tudo que se fazia na época”. Estava marcada a carreira de Djavan que logo no segundo disco assina com EMI-Odeon.

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Os anos 80 trazem o seu reconhecimento na música brasileira quando monstros da MPB como Nana Caymmi, Maria Bethânia, Roberto Carlos, Gal Costa, entre outros, interpretam temas seus.

Dois anos depois, o tema “Flor de lis” é o responsável pela “internacionalização” do musico, que viaja para Los Angeles para gravar com a Sony. Os palcos do mundo abrem-se e as tournées multiplicam-se. Uma das características mais importantes de Djavan – a constante procura do novo – se faz mostrar quando acolhe claramente em seus temas influências de outras músicas, como a hispânica e a africana.

Em meados dos anos 90, passa a fazer trabalhos com total autonomia artística, compondo, produzindo e arranjando para, no início da década de 2000, fundar a sua própria editora, onde viria a gravar o seu último trabalho – “Vesúvio”.

“Vesúvio” é claramente marcado por um ambiente musical mais Pop, chegando inclusive a tocar o Rock (como no tema “Viver é Dever”).

Há claramente menos diversificação de estilos musicais do que o habitual. Contudo, toda a preciosidade harmónica que a maneira única do violão de Djavan nos oferece, toda a cor e som das palavras, das “melodias fora dos padrões” normalmente presentes, estão obviamente presentes.

Mais, as letras são de uma originalidade tremenda como é o caso do tema “Orquídeas” ou a beleza de “Vesúvio” (o tema que musicalmente mais foge do todo-musical do álbum). Também há “Solitude”, tema de maior “quietação”.

E para além de “Vesúvio”, disco aqui escolhido, há tanto mais…Como diz Djavan: “Comecei isso há 40 anos, meu papel é fazer canções, seja de melodias ou flores” e haverá com certeza muitas no dia 17, quando recebermos o músico nos nossos palcos no Kriol Jazz Festival 2020.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 949 de 5 de Fevereiro de 2020. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,10 fev 2020 6:11

Editado porSara Almeida  em  10 fev 2020 6:11

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