Após vários artistas anunciarem a promoção de um festival online, gratuitos, Abraão Vicente revelou que o governo decidiu lançar um programa para financiar concertos à, pelo menos, 100 artistas residentes em Cabo Verde.
Entretanto, nas redes sociais, vários foram os internautas que se insurgiram, mostraram-se indignados com essa decisão, alegando que “há muitos necessitados” no país e que ”esse dinheiro poderia ser melhor empregue”.
Nisto, alguns artistas rebateram as críticas. É o caso de Elida Almeida que, através de uma publicação, no Facebook, avisou que os artistas também são trabalhadores e fazem parte da sociedade e do país.
“Durante anos cantei em bares, restaurantes e hotéis. Eu sei que o dinheiro mal chega para as despesas quanto mais para pagar o seguro todos os meses. Eu tive a sorte de ter encontrado um produtor e graças a Deus consegui fazer seguro de trabalhador independente. E aqueles que cantam semana sim, semana não? Eles não têm dinheiro nem para todas as despesas do final do mês, pior ainda para pagar o seguro”, escreveu.
Da mesma forma Hélio Batalha fez uma publicação apelou ao público para não “menosprezar” uma classe por achar que todos “são ricos e abastados”.
Conforme o rapper, é preciso lembrar que há “muitos artistas” que são chefes de família e que nesse momento “passam por dificuldades”.
“Artista não sente fome? Artista não sente sede? Artista não tem família? Artista não é ser humano?”, questionou Hélio Batalha.
Por seu turno, Leroy Pinto argumentou que “não é preciso a COVID-19 para mostrar que há gente com dificuldades” e que os artistas também têm dificuldades.
“Deixa-me triste os comentários que vejo na internet. Eu sou músico, vivo da música, pago a renda, água, luz, eu como. Saio a noite para tocar durante duas horas e receber 5 mil escudos, por vezes menos”, expressou.
Recorde-se que Abraão Vicente declarou que apesar de alguns artistas no estrangeiro estão a divulgar a sua arte gratuitamente, pedir isto aos artistas em Cabo Verde seria uma “enorme irresponsabilidade”.