Salve, Salve Jorge…

PorPaulo Lobo Linhares,20 abr 2020 7:39

No dia 22 de Abril, aplaudimos mais um ano de vida de um dos mais carismáticos compositores da música brasileira – Jorge Bem Jor, ou se preferirem, Jorge Ben.

Carioca de gema, começou a despertar-separa a música nas escolas de samba, até que um violão oferecido por um familiar lhe mudou a vida. O jovem começa a entrar no mundo da Bossa, então reinante, e até do Pop-Rock. Contudo, a sua base musical viria a ser o Soul.

Já tinha trazido para o nosso gira-discos um dos mais preciosos trabalhos do músico, o disco “Tabua de Esmeraldas”. Hoje, para homenagear o mestre, teria de voltar á sua música. No seio de tanta qualidade e das mais variadas abordagens e enfoques musicais dos seus trabalhos, como o Funky do álbum “Afro-Brasil”, a lírica da já referida “Tabua de Esmeraldas”, o enorme dueto “Tropicalista” com Gilberto Gil em “Gil e Jorge”, fui “tocar” em “Samba Esquema Novo” – o álbum de estreia do musico, gravado em 1964.

Abre com o tema, “Mas que Nada”, que acabou por ser uma das referências internacionais da música brasileira (…justiça seja feita, um pouco com a ajuda de Sérgio Mendes) …mais adiante o sambalanço de “Balança Pena” onde o balanço da morena se mistura com o balançar do nosso coração …assim descreve o compositor, com enorme razão.

Típico do “Sambalanço” era o uso das onomatopeias. Não faltou no álbum em “Uala Ualal” …quase que percutindo meiga e musicalmente com as palavras.

O meio do álbum é abençoado pela chuva que cai no tema “Chove Chuva” …e que pára com o sambar de “Rosa Menina Rosa”. O álbum fecha com outro clássico “Por Causa de Você, Menina”

Com o suporte musical do “Sambalanço” - género derivado do samba que basicamente mistura-o com ambientes jazzísticos, dando-lhe o tal balanço característico, o álbum vagueia entre o balanço da morena, o que o gingar dela causa em quem o vê, tudo isso pintado com cores suaves numa constante evocação ao amor. Nota importante e de referir: a base musical que acompanhou Jorge Ben neste álbum foi o grupo de Ivo Meirelles “Meirelles e os Copa 5”, referencia do Samba Jazz da década de 50/60.

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Se pensarmos que nessa década se viva o rubor da doce Bossa-Nova, percebemos o efeito que a entrada do “Sambalanço” / Samba Jazz… possa ter causado.

Dessa época, paralelamente a Bossa-Nova, muitas obras que vieram a ser históricos da música brasileira, quase todos reunidos na famosa label “Odéon” – que há cerca de 15 anos foram resgatados dos arquivos num belo trabalho do musico e produtor Charles Gavin, numa serie de 50 CDs com nomes como Elza Soares e Wilson das Neves, Di Melo e o álbum com o mesmo nome (na minha opinião um dos melhores álbuns de sempre da musica do Brasil), Quarteto Novo com Hermeto Pascoal…entre outras perolas.

“Samba Esquema Novo”, para ouvir e balançar…

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 959 de 15 de Abril de 2020. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,20 abr 2020 7:39

Editado porSara Almeida  em  20 abr 2020 16:20

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