Um banquinho, um violão, Gil, músicos e muita paz…

PorPaulo Lobo Linhares,11 mai 2020 7:38

Numa série onde muitas das escolhas dos músicos foram certeiras, tendo dado à tona trabalhos de considerável interesse, a MTV lançou a coleção “MTV Umplugged”. Seguindo a receita americana também foi feita uma série com a música brasileira.

O conceito é simples – ao músico é proposto um espetáculo intimista que é gravado em formato acústico, num palco MTV

Entre outros grupos/músicos selecionados, houve resultados de enorme beleza como o de Gal Costa, Legião Urbana ou ainda de ritmos e balanço como Jorge Benjor.

Uma seleção reduzida conseguiu alcançar a preciosidade do momento de Gilberto Gil. “Gilberto Gil Umplugged” foi, na minha opinião, um dos mais lindos momentos da discografia do músico, perfeito resume da sua obra.

Selecionou um repertório que foi desde os seus maiores êxitos como “Refazenda”, o êxito da década de 80 “Realce”, o explosivo “Expresso 222” e surpresas como o colorido “Sitio do Pica-Pau Amarelo”.

Abordou ainda parcerias com outros colegas como no tema “Beira mar” que compôs com o parceiro de sempre Caetano Veloso, que ainda contribui para este álbum com o “tema-mapa” - “Sampa”.

Num repertório onde é difícil escolher um instante de eleição, todos eles nos oferecem momentos que nos inundam, ora de alegria e vontade de dançar como “Aquele Abraço” ou “Toda a Menina Baiana”, ora de momentos de pura beleza e paz, que nos envolvem e nos tornam viajantes num azul envolvente como “Drao” ou “A Paz”. Os temas são revisitados numa musicalidade íntima que nos absorve sem sentirmos.

Assim como o repertório, a seleção de músicos não ficou a dever ao proposto. Acredito que Gil, para além da qualidade técnica e musical, terá também olhado para a alma de cada um. Só assim, seria possível construir tamanho projeto de alegria e deleite.

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As linhas de baixo foram asseguradas por Arthur Maia, as cordas pelos violões de Gil, Celso Fonseca e ainda pelo pontual bandolim de Jorginho Gomes que se cruzava em doces e discretos diálogos com a flauta de Lucas Santhana. Os “sons-dos-tambores” vinham da bateria de Jorginho Gomes (que, como acima referido também assumiu o bandolim) e da percussão do mestre Marcos Suzano. Músicos … sim!... pedaços de música, para um todo musical que suporta a poesia dos temas-estórias escolhidos.

Foi lançado no ano de 94 e carrega ainda hoje consigo a atualidade dos discos históricos que nunca se descoloram com o tempo.

Acredito que “Gilberto Gil Umplugged” tenha sido um presente para os que já admiravam Gil e um disco que abriu os olhos aos mais distraídos.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 962 de 6 de Maio de 2020. 

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,11 mai 2020 7:38

Editado porSara Almeida  em  11 mai 2020 15:07

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