Em declarações à Inforpress, a apresentadora da obra, a professora Augusta Évora Teixeira, que também usa o pseudónimo literário de Mana Guta, afirmou que neste trabalho o autor se propôs a fazer um “desafio interessante”, que é mesclar numa única obra as variantes Barlavento e Sotavento da língua crioula e ainda com especificidades de diferentes ilhas e localidades.
“O livro é um conjunto de poemas escritos por um jovem cabo-verdiano que tem vivido, sobretudo, na diáspora. Ele faz um trabalho interessante de pesquisa, muito exaustiva à volta da língua cabo-verdiana de diferentes línguas”, disse.
“A mais-valia do trabalho é que ele utiliza todas as variantes da língua cabo-verdiana, que normalmente as pessoas têm alguma reticência. Quem usa de Sotavento tem reticência em usar de Barlavento e vice-versa”, completou.
Mana Guta afirmou ainda que, com tradições de todas as ilhas, a obra tem uma temática muito diversificada, indo desde a imigração, à mulher, à pátria, alguns heróis, figuras carismáticas de providência literária como Capitão Ambrósio, por exemplo.
“Ele faz um trabalho bonito, sobretudo nesta perspectiva de inclusão linguística”, frisou esta também escritora, quem assina o prefácio de “Sanpabadiu”.
Na nota de lançamento da obra enviada à Inforpress, lê-se que N’Gosi Nelly dá uma grande lição de inclusão e de espírito patriótico, ao convergir, numa única obra, variantes e variedades da língua cabo-verdiana.
“O autor exerceu duas funções neste livro: a função de linguista e a de literato. Ele partilha connosco, tanto a poesia, como o exercício da escrita em língua cabo-verdiana, no alfabeto oficial. Um livro de inclusão linguística e geográfica, concebido com os pés bem fincados na cultura tradicional cabo-verdiana”, prosseguiu.
A obra será apresentada nesta quarta-feira, na Biblioteca Nacional, a partir das 17:00.