Oh Djony bá tchmá Mirri
Bzôt panhá Dany
Bzôt espatchá bzot rancá
Zé Rui ma Rui d’Bitina
Tá sanhód num tocatina
Ês dzê pa nô somá
Violão já engodá Constantino
Olal ta bem má Liz Firmino
Daya, Paló e GilsonGee
Stephan ma sê pai Rufino
Ta fêt cabeça má Tiolino
Jás ta pront pa dzuri
Lamine já dá ord n’almoce
Nô espaiá nêss alvoroce
Tchá esburdiá nôs flecidade
Cumpad Anísio já influi
Jál crê cantá má Ceuzany
E má Jennifer Solidade
Constassim olá Jimmy
Dód bróce ma Diva e Nancy
Ês bem espiá se nô ta li drêt
Tchala ê tud tá contá partida
Êl, Nhanhe, Tchenta e Cremilda
Cascód dente ta ri de mal fêt
OH DEUS Ô QUE PARÓDIA SAB
Ô PARODINHA BENÇUÓD
QUEM QUISER PODÊ SOMÁ
CA TEM COND D’RUSGA NEM CUNVDÓD
E quando se impera o celebrar da música (sim ela não pára nem nunca parará…), eis que nos aparece uma composição que através de muitos dos seus intérpretes/compositores vai tricotando toda uma malha colorida, feita de sons e muita paixão à mistura.
João Carlos Silva é na verdade um apaixonado pela música. Desde há algum tempo para cá, após o primeiro confinamento, tenho-o seguido mais de perto. Conheci-o numa composição que fez para ajudar os músicos, o que também levou ao nascer de um enorme movimento que sustentou e serviu de apoio para muitos músicos – o Abrasu Muzikal que teve depois ao leme o músico Zé Rui de Pina.
A seguir vieram mais e mais temas e em todos um denominador comum: a música ao serviço de causas, tentando driblar o cinzento dos dias que fizeram este Novo-mundo.
Mas não fica por aí… Em situações mais nobres curva-se diante dos compositores ou músicos com vénias sentidas, fazendo com que todos com ele partilhem a paixão que tem por quem homenageia.
Paixão, será a única palavra que encontro para definir a relação de Jotacê com a música. Inclusive, tento acreditar que será uma paixão natural, que acompanha os seus dias, que ele transpira e brota sem que seja necessário esforço para tal.
Canta os músicos em músicas, porque assim como a vida lhe ofereceu outros sinais vitais, também lhe ofereceu a música. Jotacê precisa da música e faz questão de mostrar aos outros o quão necessário ela é, celebrando-a.
Com ela vive, dorme, sonha e respira. Compõe, toca, conta, canta e propõe.
Por vezes a paixão é tal que a segue de forma corajosa, acreditando que tudo é possível, como no tema que escreveu para o País-mundo do Carnaval. Sim, Cabo Verde teve um compositor a escrever e concorrer para o enredo dos temas do Carnaval do Brasil….
A partilha é outra característica de Jotacê. Fá-lo mostrando que a única maneira de estar na música é partilhando-a. Não tenhamos a menor dúvida… Nesta composição foi mais longe: partilhou e fez com que os músicos também entrassem nesta partilha, todos em conjunto …encaminhando-os numa letra que os envolveu e lembrando assim o quão belo é pertencer a esta classe mágica – a dos compositores e músicos – ou seja, os soldados da música.
Todos agradeceram certamente.
Todos te agradecemos Jotacê …a nossa música precisa da tua forma natural de a cantar e contar… e por mostrares a tanta gente que música é (realmente) vida sentida e partilhada…naturalmente.
Ela certamente escolheu-te para seres um dos que a ninam, mimam e dela cuidam apenas e só…partilhando-a: contigo próprio e com os outros…
Ah, não tenho dúvidas que todos os nomes envolvidos gostaram de estar presentes neste pedacinho de ti…na verdade, um tema em ti, ou noutras notas que escolheres…
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1002 de 10 de Fevereiro de 2021.